sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Raghunatha Bhata


danda pranama kari bhata padila carana
prabhu raghunatha bali kaila alingane

"Raghunatha Bhata caiu duro como uma vara diante dos pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Entäo o Senhor abraçou-o, sabendo bem quem era."
(Caitanya-Charitamrita Antya 13.101)



De Kasidhama, Raghunatha Bhata viajou a pé até Puri-dhama. Ao chegar a Puri, foi direto até o local de Sriman Mahaprabhu e ofereceu seus respeitos aos pés de lótus do Senhor. Na ocasiäo, o Senhor abraçou-o, dizendo: "Raghunatha!" Tendo sido abraçado pelo Senhor, Raghunatha Bata verificou que todos seus problemas se foram para longe. Raghunatha pensou consigo mesmo: "Estou vindo ver o Senhor depois de tanto tempo; Ele näo sabia que eu vinha. Como é que Ele está me demonstrando tanta afeiçäo? Ele possue muitos devotos que Lhe säo muito queridos. Porque deveria demonstrar tanta afeiçäo por alguém como eu, o mais caído dos devotos?" E no entanto, embora se considerasse muito caído e mesquinho, quando Chaitanya Mahaprabhu disse "Raghunatha!" com o rosto risonho, sorridente, e o abraçou, Raghunatha começou a chorar lágrimas de êxtase. Com lágrimas nos olhos caiu aos pés do Senhor e, segurando-os, disse: "ó Senhor muito misericordioso, diga-me na verdade, porque estás demonstrando tanta consideraçäo a esse humilde ser?" O Senhor disse-lhe: "Raghunatha! Näo consigo esquecer a consideraçäo afetuosa que seus pais tinham por Mim, na época de teu nascimento. Todo dia, com grande afeto, eles costumavam alimentar-Me."

Depois disso, Chaitanya Mahaprabhu apresentou Raghunatha Bhata a todos devotos. Todos devotos ficaram contentes em conhecê-lo. Raghunatha deu lembranças e reverências afetuosas a todos devotos, por parte de seus pais. Também trouxe notícias de Chandrasekhara e todos outros devotos de Bengala oriental. Finalmente, a afetuosa mäe de Raghunatha tinha mandado umas coisas saborosas para o Senhor comer: delícias de Bengala, cuidadosamente embaladas em sacos especiais. Quando o Senhor as viu, ficou muito contente e ordenou que Seu servo Govinda as guardasse cuidadosamente.

O nome do pai de Sri Raghunatha Bhata era Sri Tapana Mishra. Em Sua grhastha-lila, o Senhor certa vez foi a Bengala oriental, no rio Padma, onde foi professor-visitante de gramática. Ali Ele se encontrou com Tapana Mishra e ficou conhecendo-o. Tapana Mishra era Bengali oriental e pandita dos shastras. Entretanto, embora tivesse dispensado bastante consideraçäo tanto à prática da perfeiçäo quanto à perfeiçäo da vida, era incapaz de averiguar seu sentido interno. Certa noite teve um sonho, em que um deus chegava diante dele e dizia: "Mishra! Näo se preocupe. Sri Nimai Pandita acaba de chegar aqui perto. Ele te ensinará tanto a prática da perfeiçäo quanto a meta da vida. Ele näo é um homem (nara) - Ele é o Senhor Supremo, Nara-Narayana. Embora seja o criador do universo, aceitou a forma de um homem a fim de salvar o mundo." Dizendo isto, o deus desapareceu.

Na manhä seguinte, após terminar seus deveres matinais, Tapana Mishra saiu para encontrar Sriman Mahaprabhu. Foi entäo que viu Sri Nimai Pandita sentado no banco próximo à sua casa, Sua brilhante refulgência iluminando seu pátio como se o sol tivesse descido diante dele. Seus olhos eram como lótus frescos, e Seu cabelo preto e fino caía em belas ondas. Seu peito forte estava decorado com um fino cordäo sagrado (de brahmana) e usava vestimenta amarela brilhante. Assim como uma lua refulgente iluminando todas quatro direçöes em meio a muitas estrelas, Sua forma resplandescente estava rodeada de discípulos.

Tapana Mishra ofereceu suas reverênciass ao Senhor, caindo a Seus santos pés, e disse: "ó mais misericordioso de todos! Sou muito caído. Por favor tende misericórdia de mim!" O Senhor sorriu afetuosamente, e oferecendo-lhe um assento, pediu que Tapana Mishra se apresentasse. Tendo se apresentado, Tapana Mishra indagou ao Senhor sobre todas verdades relativas à prática da perfeiçäo e da meta da vida.

Mahaprabhu disse: "A cada milênio o Senhor aparece a fim de salvar as almas caídas e instruí-las na forma apropriada de adoraçäo para cada era. Em Satya-Yuga, meditaçäo; em Treta-Yuga, sacrifício; em Dvapara-Yuga, adoraçäo da Deidade e em Kali-Yuga, sankirtana é o processo para se alcançar a salvaçäo final. Em cada uma das quatro eras existe um determinado processo de salvaçäo. Na era de Kali, essa forma de dharma é o nama-sankirtana.
Dessa maneira, o Senhor na sua forma de mestre espiritual informou a Tapana Mishra sobre o verdadeiro bem-estar da alma bem como sobre a verdadeira posiçäo do dharma na era de Kali - isto é, nama-sankirtana. Explicou que, além do Santo Nome, nada mais seria frutífero.

Ele disse: "Na era de Kali o sacrifício do Santo Nome é o princípio essencial. Nada mais será efetivo na era de Kali, e portanto näo há princípio religioso superior a isso. Sem o Santo Nome näo há meio de obter perfeiçäo nesta era. Deve-se renunciar completamente a qualquer tendência de seguir qualquer outro caminho e sempre ocupar-se no cantar do Santo Nome de Krishna, assim: "Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare." Pela influência desse mantra conseguirás compreender tudo sobre os meios para alcançar a perfeiçäo e meta da vida, já que näo existe diferença entre o Santo Nome de Krishna e o próprio Krishna."

Tapana Mishra, ao ouvir as instruçöes do Senhor, ofereceu suas reverências aos pés do Senhor com todos seus membros prostrados no chäo. Quando o Senhor estava para sair para Navadwipa, ele queria acompanhar o Senhor em Sua jornada de retorno a Navadwipa. O Senhor, contudo, ordenou-lhe: "Brevemente irás a Kasi. Ali nos encontraremos novamente. Na ocasiäo instruí-lo-ei em todas essas verdades." Dizendo isto, o Senhor partiu para Navadwipa. Em breve Tapana Mishra e esposa partiram para Kasidhama, também chamada de Varanasi ou Benares.

Alguns anos mais tarde, por misericórdia pelas almas caídas, Mahaprabhu tomou sanyasa e foi residir em Jaganatha Puri por ordem de sua mäe. Depois de passar alguns meses ali, passou pela floresta de Jharikhanda (atualmente conhecida como Choda Nagapura) em sua viagem para Vrindavana, e passou por Kasidhama. No ghata de banho conhecido como Manikarnika, começou a cantar o Santo Nome de Hari e exortou todo mundo a fazê-lo, dizendo: "Haribol! Haribol!"

Justo naquela hora, Tapana Mishra estava se banhando naquele mesmo ghata. Ouvindo o Santo Nome de Hari cantado täo alto, ficou admirado. Era como encontrar um oceano em meio a um deserto, ouvir as glórias de Hari cantadas no meio da capital dos Mayavadis, Kasidhama. Mirou o ghata e viu que às margens do ghata de banho havia um sanyasi de incomparável beleza e estatura. Sua refulgência sobrenatural iluminava todas quatro direçöes. Completamente admirado, Tapana Mishra pensou consigo mesmo: "Quem é essa grande personalidade? Será que pode ser Nimai Pandit de Navadwipa? Disseram que tomou sanyasa. Será que pode ser Ele?" Tapana Mishra saiu d'água e olhou mais de perto. Nessa hora, enquanto seu olhar atravessava a água, ele tinha certeza de que era realmente Nimai Pandita. Correu ao local onde o Senhor estava de pé e ofereceu suas reverências aos pés de lótus do Senhor enquanto surgia júbilo em seu coraçäo. Ao levantar-se do chäo, viu-se recebendo o abraço de Chaitanya Mahaprabhu. Depois de tantos dias ele finalmente encontrara o Senhor de novo.
Com grande afeiçäo, Tapana Mishra trouxe o Senhor para sua casa. Ali lavou os pés de lótus do Senhor e entäo bebeu aquela água santificada junto com sua família. Seu êxtase näo teve limites. Colocou seu pequeno filho Raghunatha aos pés de lótus do Senhor e fez com que Lhe oferecesse reverências. O Senhor tomou o pequeno no colo, embalando-o com grande afeiçäo. Nesse meio tempo, Tapana Mishra fez rápidos arranjos para uma refeiçäo, e Balabhadra Bhatacharya cozinhou. Fez preparativos para o banho do Senhor, e quando o Senhor terminara de se banhar e cumprir os deveres do meio-dia, o Senhor almoçou. O pequeno filho de Tapana Mishra, Raghunatha, massageou os pés do Senhor, e o Senhor descansou.

Ouvindo notícias da chegada do Senhor, Chandrasekhara e o brahmana Maharastriano, bem como outros devotos, vieram oferecer seus respeitos aos sagrados pés do Senhor. O Senhor abraçou Chandrasekhara e entäo contou algo de krishna-katha para todos devotos presentes. Enquanto esteve em Benares, o Senhor visitou os templos de Visvesvara e Bindhu-madhava para tomar darshan. Também visitou o Dasasvamedha-ghata. O Senhor ficou hospedado na casa de Chandrasekhara e jantava na casa de Tapana Mishra. Chandrasekhara trabalhava como escriba, copiando escrituras para os panditas de Kasi com seu próprio punho, num belo estilo de caligrafia. Era de uma família de brahmanas eruditos.

Em Benares, os slogans dos impersonalistas tais como tat tvam asi e aham brahmasmi bem como as palavras favoritas dos impersonalistas - palavras como "Brahma", "Atma", e "Chaitanya" - eram ouvidas constantemente em todo lugar. Näo se ouvia palavras devocionais em Benares, e assim aonde quer que ía, o Senhor realizava sankirtana. Certo dia o brahmana Maharastriano submeteu um pedido aos pés de lótus do Senhor. "ó Senhor", disse ele, "ó Senhor, por favor salva esta cidade de Kasi. Encontrei-me com o guru dos sanyasis, Prakasananda Saraswati, e três vezes mencionei Seu nome Krishna Chaitanya. Ele também falou a palavra "chaitanya" três vezes, porém foi incapaz de falar a palavra "krishna" sequer uma vez." O Senhor respondeu: "Porque säo ofensores as pés de lótus de Krishna, o Santo Nome de Krishna nunca se faz presente em seus lábios. O Santo Nome e Forma de Krishna näo säo diferentes Dele mesmo. Eles säo uma só verdade transcendental, plena de êxtase e realidade divina." Assim tendo instruído os devotos de várias maneiras, o Senhor partiu novamente para continuar Sua longa jornada rumo a Vrindavana. Ele salvaria Kasi com a misericórdia de Krishna mais tarde, em Sua viagem de retorno a Jaganatha Puri. E assim o Senhor foi a Vrindavana.

Depois de passar algum tempo em Vrindavana perambulando em êxtase de krishna-prema, o Senhor acabou retornando a Kasi-dhama. Certo dia, encontrou com Prakasananda Saraswati em pessoa. Ao ver a beleza incomum, humildade de criança, generosidade e magnanimidade do Senhor, Prakasananda ficou admirado. Passado algum tempo, caiu aos pés de lótus do Senhor. Depois da conversäo de Prakasananda Saraswati, todos sanyasis ali também caíram aos pés do Senhor e cantaram Sua grandeza, enquanto o Senhor salvava todos ali com o Santo Nome de Krishna. A enchente de néctar que jorrava do Santo Nome logo inundou Kasi, e lavou a falsa doutrina do impersonalismo junto com seus seguidores.

Desta vez o Senhor passou dez dias em Kasi, e a alegria de Seus devotos e seguidores näo tinha limites. Tapana Mishra, Chadrasekhara, e o brahmana Maharastriano, bem como os outros devotos dali sentiram-se como se a vida tivesse retornado, pois novamente tiveram a oportunidade de prestar serviço pessoal a Sriman Mahaprabhu. O filho de Tapana Mishra, Raghunatha, sentiu-se supremamente afortunado por poder servir seu Senhor e mestre, Sri Chaitanya Mahaprabhu, por dez dias.

Afinal, chegou a hora do Senhor despedir-Se dos devotos para que pudesse novamente partir para Jaganatha Puri. Todos devotos ficaram desolados, em agonia diante da perspectiva de separaçäo do Senhor. Raghunatha Bhata, filho de Tapana Mishra, caiu diante do Senhor, implorando que näo fosse e agarrou Seus pés de lótus, chorando repetidamente. O Senhor pegou o menino no colo e procurou consolá-lo. Disse-lhe: "Você tem que servir seu pai e mäe aqui, e mais tarde, poderá vir a Puri-dhama e ver-Me de novo." Depois disso, após abraçar Tapana Mishra e Chandrasekhara e instruir os devotos ali em certas verdades da consciência de Krishna, Sri Chaitanya Mahaprabhu despediu-Se de Kasi para sempre, e principiou Sua longa jornada a pé para Jaganatha Puri.

Dentro de pouco tempo, Sri Raghunatha tornou-se perito na gramática sânscrita, retórica, e poesia. Gradualmente, tornou-se altamente versado nas escrituras reveladas. Continuou a servir sua mäe e pai até na velhice, conforme os anos passavam. Quando atingiu a maioridade, seu pai ordenou que fosse a Puri-dhama para ver Sri Chaitanya Mahaprabhu. O êxtase de Raghunatha näo tinha limites. Para servir o Senhor, a mäe de Raghunatha preparara vários tipos de delícias a serem oferecidas a Ele por Raghunatha, por parte dos Mishras. Todas essas finas iguarias tinham sido cuidadosamente embaladas juntas num saco grande.

Depois de receber as ordens e bençäos de seus pais, Raghunatha partiu para Puri com um servo. No caminho, encontrou um Rama-bhakta, devoto de Rama, que se juntou a ele na viagem a Puri. Seu nome era Sri Rama Dasa. Por nascimento era um Kayastha, isto é, nasceu na casta daqueles que trabalham servindo ao Rei. Era um estudioso altamente erudito na interpretaçäo do grande épico Ramayana. Rama Dasa prostrou-se perante Raghunatha e tomou a poeira de seus pés de lótus. E entäo arrebatou o saco de manjares do servo de Raghunatha e começou a levá-lo sobre a cabeça.

Raghunatha disse: "És um sábio erudito, e que fazes?" Rama Dasa disse: "Bhataji! Sou o mais baixo dos sudras. Vai me fazer bem servir um brahmana." Raghunatha replicou: "Panditji! Por favor. Suplico-te, deixe meu servo carregar esse saco pesado." Com isso, Rama Dasa entregou o trabalho de carregar o saco ao servo de Raghunatha. A caminho de Jaganatha Puri, Raghunatha Dasa discutiu muitas conclusöes escriturais com Rama Dasa.

Sri Raghunatha Bhata chegou a Jaganatha Puri e prestou reverências aos pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Na ocasiäo o Senhor saudou-o dizendo: "Raghunatha!" Levantou-o do chäo e abraçou-o. O Senhor indagou a respeito do bem-estar de Tapana Mishra e esposa, e perguntou sobre Chandrasekhara bem como todos outros devotos de Benares. Raghunatha Dasa relatou tudo isso a Ele e contou tudo. Sri Rama Dasa foi trazido ao local de Mahaprabhu. Sri Rama Dasa prestou reverências aos pés de lótus de Sriman Mahaprabhu, porém o Senhor, que é a Superalma dentro de todos seres vivos, detectou que Rama Dasa mantinha desejos de liberaçäo em seu coraçäo. Como resultado, o Senhor näo foi afetuoso para com ele.

O Senhor ordenou que Raghunata Bhata fosse ver a Deidade do Senhor Jaganatha depois de banhar-se no oceano. Raghunatha foi à praia com os outros devotos, onde todos tomaram banho de mar e entäo foram ver o Senhor Jaganatha. Depois, ele voltou ao local do Senhor, e Mahaprabhu ordenou que Seu servo Govinda desse prasada a Raghunatha Bhata. O Senhor teve o cuidado de providenciar o alimento e aposentos para Raghunatha, e ali Raghunatha ficou. Raghunatha cozinhava para o Senhor regularmente. Passou oito meses em Jaganatha Puri a serviço do Senhor e assim experimentou grande felicidade. Testemunhou por si mesmo o extático cantar e dançar do Senhor em vários humores de êxtase divino perante o carro de ratha-yatra do Senhor Jaganatha. Depois de algum tempo, Mahaprabhu ordenou que retornasse a Kasi. Mandou que Raghunatha cuidasse do serviço a seus idosos pais, e explicou que, como eram Vaisnavas, näo podiam ser negligenciados. Raghunatha Bhata levou essa ordem do Senhor muito a sério, e o Senhor passou a instruí-lo sobre muitos outros pontos. Ordenou que Raghunatha näo se casasse, e mandou que estudasse o shastra. Disse-lhe que após algum tempo deveria novamente retornar a Jaganatha Puri para ver a Deidade de Jaganatha.

Com isso, Mahaprabhu deu-lhe uma guirlanda de tulasi de Seu próprio pescoço. O Senhor também deu a Raghunatha Bhata um pouco de maha-prasada para ser distribuída entre todos devotos associados a Tapana Mishra e Chandrasekhara em Kasi. Quando chegou a hora de dizer adeus, o coraçäo de Raghunatha Bhata doía. Ele caiu aos pés de lótus de Mahaprabhu, oferecendo suas reverências prostradas. O Senhor ajudou Raghunatha a se levantar e deu-lhe um cordial abraço, bem como antes. Despedindo-se de Mahaprabhu e Jaganatha Puri, Raghunatha Bhata partiu de volta para Kasi.

De retorno a Kasi, Raghunatha Bhata serviu seus pais cuidadosamente, e começou a estudar o Srimad-Bhagavatam com seriedade. Depois de algum tempo seus pais faleceram. Raghunatha, aderindo estritamente às ordens de Sri Chaitanya, nunca se casara. Sem quaisquer responsabilidades familiares para estorvá-lo, dirigiu-se aos pés de lótus do Senhor em Jaganatha Puri. Quando o Senhor novamente viu Raghunatha depois de tanto tempo, ficou muito contente. Ao ouvir sobre o falecimento de Tapana Mishra e sua devotada esposa, Chaitanya Mahaprabhu falou longamente sobre a grande devoçäo deles, glorificando-os. Raghunatha Bhata estava muito contente por novamente obter a associaçäo do Senhor. Permaneceu em Puri e serviu Mahaprabhu fielmente por mais oito meses. Certo dia o Senhor disse-lhe: "Deves ir a Vrindavana. Tens muito trabalho a fazer lá em Vrindavana. Devo permanecer aqui em Puri, pois Minha mäe assim ordenou. Como resultado, näo posso terminar o trabalho que preciso realizar em Vrindavana. Cabe a ti ajudar-Me a terminar Meu trabalho ali."

Ao ouvir estas palavras do Senhor, Raghunatha Bhata ficou triste ante a perspectiva de ter de deixá-Lo novamente. O Senhor explicou-lhe que em Vrindavana ele encontraria Rupa e Sanatana Goswami. Ele deveria estudar o Srimad-Bhagavatam e escrituras relacionadas sob a tutela deles. Por ordem do Senhor, Raghunatha Bhata se preparou para partir para Vrindavana. Disse adeus aos Vaisnavas e caiu perante os pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu pela última vez. Enquanto Mahaprabhu Se despedia de Raghunatha Bhata, deu a ele uma longa guirlanda prasada e um pouco de tambula mahaprasada e o abraçou.

Tendo dito adeus, Raghunatha Bhata seguiu pelo mesmo caminho para Vrindavana que outrora fora trilhado pelos pés de lótus de Chaitanya Mahaprabhu. Dessa forma, conforme ele caminhava pela longa estrada para Vrindavana, Raghunatha Bhata ouvia repetidamente como o Senhor passara por aquela mesma estrada. Ele ouvia sobre as glórias do Senhor, e como visitara os diferentes locais sagrados e realizara várias atividades maravilhosas.

Quando ele finalmente chegou a Vrindavana, Rupa e Sanatana Goswami ficaram muito felizes ao vê-lo e abraçaram-no afetuosamente. Todos aceitaram-no como seu afetuoso irmäo espiritual. Raghunatha Bhata era excepcionalmente abençoado com humildade e mansidäo. Está registrado no Chaitanya-Charitamrita que Raghunatha Bhata recitava o Srimad-Bhagavatam perante Rupa e Sanatana Goswami, e ao fazê-lo, ficava tomado de amor extático por Krishna. Pela misericórdia do Senhor ele era tomado por todos sintomas de amor extático por Deus: lágrimas, voz embargada, e tremores. Assim tomado pela emoçäo, ele näo conseguia continuar com a leitura. Dizem que sua voz era doce como a do cuco, e que ao ler o Bhagavata, cantava os versos com muitas diferentes melodias, ou ragas. Dessa maneira, suas leituras eram especialmente doces de se ouvir.

Raghunatha Bhata era plenamente rendido aos pés de lótus de Gaura-Govinda. Esses pés de lótus eram sua vida e alma. Depois de algum tempo em Vrindavana, Raghunatha Bhata conseguiu que seus dicípulos construíssem um templo para Govinda. Ele preparou vários ornamentos para Govinda, incluindo uma flauta e brincos em forma de tubaräo. Raghunatha Bhata nem ouvia, nem falava sobre nada material. Ele simplesmente discutia sobre Krishna e adorava o Senhor dia e noite. Näo escutava blasfêmias sobre um Vaisnava, nem ouvia conversas sobre a má conduta de um Vaisnava. Ele só sabia que todos estavam ocupados a serviço de Krishna; näo entendia mais nada. Quando Raghunatha estava absorto em lembrar-se do Senhor, costumava tomar a guirlanda de tulasi e a prasada de Jaganatha que Mahaprabhu lhe dera, amarrava as duas juntas e usava em volta de seu pescoço.

Sobre a posiçäo espiritual de Raghunatha Bhata, o Gaura-ganodesha-dipika cita: "Na Vrindavana-lila de Krishna, Raghunatha Bhata era Sri Raga Manjari." Raghunatha Bhata nasceu em 1505 D.C.. Desapareceu desta terra e entrou no mundo transcendental em 1579 D.C.

Nenhum comentário:

Postar um comentário