quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Narottama Das Thakura


Narottama Dasa Thakura foi brahmachari a vida inteira. Visitou todos locais sagrados e foi o melhor dos devotos puros. As margens do rio Padmavati, na cidade de Gopalpura, vivia o rei Krishnananda Datta. Seu irmäo mais velho era Purushottama Datta. A fortuna e fama desses dois irmäos era incomparável. O filho do rei Krishnananda era Sri Santosha Datta. No mês de Magha, no dia de sukla-panchami, nasceu Sri Narottama Dasa Thakura. Vendo muitos augurios auspiciosos cercando o nascimento de seu filho, Raja Krishnananda ficou muito contente, e deu caridade liberalmente aos brahmanas. Estes, vendo todos sinais auspiciosos em torno do nascimento da criança, profetizaram que o menino era uma alma altamente aperfeiçoada e uma grande personalidade, por cuja influência muitas pessoas seriam salvas.

Assim como a lua crescente gradualmente se torna cheia, o filho do rei se tornava mais refulgente e belo a cada dia que passava. Seu brilho corpóreo era como ouro derretido. Seus olhos eram grandes e em forma de pétalas de lótus. Seus braços se estendiam até seus joelhos e tinha o umbigo profundo. Todos esses säo sintomas corpóreos de um mahapurusha, uma grande personalidade. Todos cidadäos locais costumavam se reunir para tomar darshan da linda e santa criança. Logo, teve lugar o anna-prashanna-samskara do menino, ou cerimônia de comer gräos. Naquela ocasiäo, a fim de assegurar auspiciosidade e um brilhante futuro para seu filho, o rei Krishnananda deu muita caridade.

A esposa do rei se chamava Sri Narayani Devi. Tendo dado a luz a um filho täo maravilhoso, ela estava flutuando num oceano de êxtase. Ela sempre mantinha o menino perto de si e se ocupava com seu bem-estar, cuidando dele constantemente. O menino era extremamente pacífico. Onde quer que sua mäe o colocasse, ali ficava direitinho. Nos aposentos das senhoras, estas costumavam alimentar e cuidar da criança com grande êxtase. Gradualmente se aproximou o dia em que entrou para a escola (hate-khari). Conforme seu aprendizado proseguia, todos ficavam maravilhados com sua espantosa inteligência. Simplesmente por ouvir de seus gurus uma vez algum assunto, já o registrava na memória. Em apenas pouco tempo, dominou o estudo da gramática sânscrita, poesia, retórica, e se tornou perito em muitas escrituras diferentes. Porém gradualmente passou a ver como inútil qualquer conhecimento que näo promovesse hari-bhajan, e logo perdeu o interesse por tudo menos consciência de Krishna. Descobriu que nos tempos idos, os sábios que compreendiam o que era verdadeiro conhecimento, deixavam tudo, renunciando ao mundo do nascimento e da morte, e partiam para a floresta a fim de adorar o Senhor Supremo, Hari.

Dia após dia, Narottama começou a pensar em como poderia se ver livre da vida familiar e se ocupar constantemente no serviço ao Senhor. Era indiferente ao desfrute material; ao passo que a maioria das crianças gosta de brincar, ele näo se interessava em jogar jogos. Naquela época, ouvindo as glórias de Sri Nityananda e Sri Gauranga através dos lábios dos devotos do Senhor, seu coraçäo se encheu de júbilo espiritual. Como se tivesse recebido nova vida, sentiu grande êxtase. Dentro de alguns dias de ouvir sobre as maravilhosas qualidades de Gaura e Nityananda, começou a cantar em japa Seus santos nomes, dia e noite. Certa noite o misericordioso Gaurasundara, rodeado por Seus associados eternos, apareceu a Narottam num sonho e deu-lhe darshan.

Depois disso, a fim de compreender como poderia se livrar da vida familiar, Narottam das Thakura começou a pensar dia e noite em como poderia ir a Vrindavan. Narottama orou: "Hari Hari! kabe haba Vrindavanavasi?" - ó Hari, quando me tornarei um residente de Vrindavana? Quando servirei o belo casal divino em Vrindavana com lágrimas em meus olhos? Narottama cantava constantemente dessa maneira. Vendo a indiferença de Narottama por todo prazer dos sentidos e sua intensa renúncia, o rei Krishnananda e Narayani Devi começaram a pensar no que deveriam fazer com ele. Vendo que näo tinha inclinaçäo pela vida familiar, e que logo talvez deixasse o lar inesperadamente para ir a Vrindavan, ficaram muito preocupados. Contrataram um guarda para vigiá-lo, de modo que näo pudesse fugir. Narottama Das viu que as dificuldades para escapar estavam ficando cada vez mais intransponíveis que os Himalaias, e achou que talvez nunca conseguisse ir a Vindavana e absorver-se na adoraçäo dos sagrados pés de Sri Gauranga. Pensando apenas em como conseguir a misericórdia de Sri Gaura-Nityananda, começou a orar com muita sinceridade para ser orientado por Eles. E assim veio a suceder que chegaram alguns mensageiros do governante da Bengala, informando ao rei Krishnananda que o mesmo queria se encontrar com ele. A fim de se encontrar com o governante da Bengala, Raja Krishnananda e seu irmäo Purushottama Datta partiram numa longa viagem até a corte dele.

Narottama aproveitou o momento, achando que era boa oportunidade para sair de casa. Na ocasiäo, secretamente deixou sua mäe e seus protetores, virou em direçäo a Vrindavan e começou sua viagem àquela terra sagrada. Foi no plenilúnio do mês de Kartika que Narottama Thakura deixou para trás sua família. Passando pela Bengala em pouco tempo, logo se viu na estrada de Mathura. Todos outros peregrinos que encontrava eram muito afetuosos para com Narottama, porque podiam reconhecer que era o filho do rei. As vezes sobrevivia tomando leite e às vezes comia as raízes e frutas enquanto proseguia. Seu constante anseio de ver Vrindavan fez com que sumissem sua fome e sede. Conforme ia de local em local, ouvia as glórias de Gaura e Nityananda pela boca de muitos devotos. Assim, estava sempre pensando em Seus pés de lótus, constantemente absorvido em meditaçäo. Enquanto andava e andava, orava aos pés de lótus de Sri Nityananda Prabhu, conforme escrevera: "ara kabe nitai chand..." - Quando Nityananda me mostrará Sua misericórdia e me salvará do mundo de nascimento e morte? Por Sua misericórdia se pode abandonar o desfrute material e purificar a mente. Dessa maneira, pela misericórdia de Sri Nityananda Prabhu, pode-se alcançar Vrindavana."

Assim, andando e andando, Narottama das chegou em Mathura e, ao ver o Yamuna, ofereceu muitas oraçöes. Lembrando dos nomes dos seis Goswamis liderados por Sri Rupa e Sri Sanatana, começou a chorar em êxtase. Gradualmente chegou à própria Vrindavan e entrou naquela terra sagrada. Sri Jiva Goswami mandou que fosse servir os pés de lótus de Lokanatha Goswami. Lokanatha Maharaj era muito velho, e täo profundamente agoniado pela dor da separaçäo de Sri Gauranga, que era como se a própria vida dele tivesse sido tomada. Narottama ofereceu suas reverências aos pés de lótus de Sri Lokanatha e este perguntou-lhe: "Quem és?" Narottama disse: "Sou teu servo caído. Desejo servir teus pés de lótus." Lokanatha respondeu: "Como posso aceitar algum serviço se nem consigo servir Gaura-Nityananda?"

Depois disso, Narottama Thakura ía secretamente no meio da noite ao local onde Lokanatha Maharaj fazia necessidades, e limpava a área, deixando tudo direitinho. Após um ano de assim servir, seu serviço foi reconhecido por Lokanatha Goswami, e este concedeu sua misericórdia a Narottama Thakura. No dia de lua cheia do mês de Sravana, iniciou Narottama Thakura como seu discípulo.

Costumava comer praticando madhukari, e estudava as escrituras dos Goswamis sob a guia de Sri Jiva Goswami. Srinivas Acharya era seu amigo querido, e juntos os dois costumavam estudar sob Jiva Goswami. Naquela época chegou de Gauda-desh Shyamananda Prabhu; este também começou a estudar as escrituras dos Goswamis sob tutela de Sri Jiva Goswami. Os três realizavam seu bhajan em Vrindavan com a mente unidirecionada, e ainda assim, sentiam que o anseio interno deles ainda näo chegara à plena realizaçäo. Certo dia Jiva Goswami chamou os três e disse: "No futuro, vocês teräo de pregar a mensagem de Sriman Mahaprabhu aos quatro cantos. Tomando as literaturas dos Goswamis väo logo para Bengala e comecem a pregar."

Os três deixaram de residir em Vrindavana e aceitaram a ordem de seu guru em suas cabeças. Levando as prezadas escrituras dos Goswamis consigo, partiram de viagem para Bengala. Ao continuarem seu caminho, gradualmente chegaram a Vanavishnupur. Ali vivia um rei chamado Sri Birhambir. A noite este fez com que as escrituras fossem roubadas, pensando que fossem algum tipo de tesouro. Acordando pela manhä e vendo que as escrituras tinham sido roubadas, os três se sentiram como se um relâmpago houvesse caído em suas cabeças. Deprimidos além de qualquer descriçäo, os três começaram a procurar pelas escrituras nas quatro direçöes, até que finalmente chegou-lhes a notícia de que o rei Birhambir roubara os livros e os mantinha escondidos em seu depósito real. Nisso, Sri Shyamananda Prabhu dirigiu-se para Utkala e Narottama foi para Kheturigram, enquanto Srinivas Acharya fica para trás, pensando em como resgatar os livros dos Goswamis do depósito do rei.

A fim de ver o sagrado local de nascimento de Sri Chaitanya Mahaprabhu, Narottama foi logo visitar Navadwipa. Ali chegando, começou a cantar: "ó Gaurahari! ó Gaurahari!" às margens do Ganges, centenas e centenas de vezes, e ofereceu muitas oraçöes ao Senhor. Sentado à sombra de uma árvore tal, começou a se perguntar onde seria o verdadeiro local de nascimento de Sri Chaitanya. Ficou sentado ali durante algum tempo, pensando no que deveria ver a seguir. Justo entäo, um velho brahmana calhou de passar por lá. Narottama levantou-se para mostrar respeito pelo brahmana. O brahmana disse: "Baba, de onde vieste? Qual é teu nome?"

Narottama se apresentou e expressou seu desejo de ver o local sagrado do nascimento de Sri Chaitanya.

O brahmana respondeu: "Hoje minha vida se tornou auspiciosa, pois diante de meus olhos está um devoto querido de Sri Chaitanya."

Narottam disse: "Baba! Já viste Chaitanya?"

O brahmana redarguiu: "Que está dizendo? Todo dia Nimai Pandit senta com Seus discípulos nesse ghat e discute o shastra e entäo, à distância, O vejo e me maravilho ante a beleza de Sua forma divina. Hoje lembro que vi essa mesma forma sentada sob esta árvore aqui, onde Ele Se senta todo dia." Enquanto o brahmana falava, lágrimas de êxtase derramavam-se de seus olhos.

Narottama disse: "Baba! Ter te visto com esses olhos é a fortuna de uma vida." Dizendo isso, também caíram lágrimas dos olhos dele e, caindo ao solo, Narottama tocou os pés do brahmana com sua cabeça.

O brahmana disse: "Baba! Dou-te minhas bençäos para que breve obtenhas devoçäo aos pés de lótus de Govinda. Naquela época, pregarás as glórias de Gaura-Govinda aos quatro cantos."

Depois disso, o brahmana mostrou a Narottam Das o caminho até onde ficava a casa de Jagannatha Mishra. Encontrando o caminho, Sri Narottama andou até que chegou à casa de Jagannatha Mishra. Lá chegando, caiu no chäo diante da porta com lágrimas nos olhos e ofereceu suas plenas reverências, enquanto recitava várias oraçöes glorificando Sri Chaitanya Mahaprabhu. Entrando na casa, teve darshan dos pés de lótus de Shuklambara Brahmachari. Narottama ofereceu seus respeitos aos pés dele. Por diversos sinais diferentes, Shuklambara Chakravarti podia compreender que Narottam era um agente da misericórdia de Sri Chaitanya. Perguntou: "Quem és?"

Narottama se apresentou, explicando que estivera vivendo em Vrindavana sob os cuidados de Jiva Goswami e Lokanatha Goswami, e que acabava de chegar em Navadwipa. Shuklambara disse: "Baba, vieste de Vrindavan? Estiveste com Lokanatha e Jiva Goswami?" Afinal, fez com que Narottama se levantasse, e o abraçou fortemente, prendendo-o com infindáveis perguntas sobre o bem-estar, atividades e saúde dos Goswamis. Assim, conversou longamente com Narottama, porque desejava ouvir tudo sobre Vrindavana e o que acontecia por lá. Finalmente, Narottama acabou conhecendo Ishan Thakura, o velho servo de Sri Sachimata, e ao encontrá-lo, ofereceu suas oraçöes de respeito a seus santos pés e se apresentou. Sri Ishan Thakura tocou a cabeça de Narottama, concedendo-lhe suas bençäos, e depois abraçou-o afetuosamente. Depois disso, Narottama encontrou-se com Sri Damodara Pandit e ofereceu seus respeitos a ele. Entäo Narottama foi à casa de Srivas Pandit e ofereceu seus respeitos a Sripati e Srinidhi Pandit. Todos eles abraçaram Narottama afetuosamente. Depois de ficar alguns dias em Mayapura, Narottama foi visitar a casa de Advaita em Shantipura. Ali ofereceu seus respeitos aos pés de lótus de Achyutananda. Achyutananda se apresentou e indagou sobre a saúde e bem-estar dos Goswamis de Vrindavana.

Após ficar em Shantipura por dois dias, foi para Ambika Kalna para a casa de Gauridas Pandit. Naquele momento Sri Hridaya Chaitanya Prabhu estava hospedado ali. Os dois se abraçaram afetuosamente e Narottam deu notícias sobre as atividades dos Goswamis de Vrindavana. Após passar um dia em Ambika Kalna, foi ao local onde o Ganges, Yamuna e Saraswati se encontram - um vilarejo chamado Saptagram. Naquele local viveu Uddharana Datta Thakura. Sri Nityananda Prabhu antes dera Sua misericórdia aos residentes de Saptagram, e assim todos de lá eram grandes devotos. Após o desaparecimento de Uddharana Datta Thakura, o povo do vilarejo sentiu-se como se houvesse perdido a visäo. Sri Narottama foi até a casa de Uddharana Datta Thakura e ali, descobriu que os devotos estavam absortos na separaçäo do guru deles, passando seus dias em grande agonia. Narottama Das ofereceu seus respeitos a todos Vaisnavas ali e continuou seu caminho para Kharadaha Gram.

Em Kharadaha Gram, Sri Nityananda Prabhu possuía uma residência onde as duas energias Dele, Sri Vasudha e Jahnava Devi, viviam. Sri Narottama foi à casa de Nityananda e lembrando do sublime santo nome de Nityananda, sua voz ficou embargada de êxtase. Sri Parameshvari Das Thakura levou Sri Narottama até a parte interna da casa, reservada às mulheres, e o trouxe até os pés de lótus de Sri Jahnava Mata e Sri Vasudha. Tendo sido apresentadas a Narottama, que podiam compreender que recebera a misericórdia de Lokanatha e Jiva Goswami, concederam-lhe sua misericórdia. No Bhakti-Ratnakara foi dito que tanto Vasu, que conhecia todas verdades, quando Sri Jahnava, que é a Consorte Suprema, concederam sua incomparável misericórdia a Narottama.

Quatro dias depois, Narottama, depois de ter passado muito tempo discutindo krishna-katha em grande êxtase com Sri Jahnava e Vasu, disse-lhes adeus e partiu para a cidade de Khanakula Krishna-nagara, para ver o local de Abhiram Gopal Thakura. Este passava seus dias na grande dor da separaçäo de Sri Chaitanya e Nityananda. Voltara-se muito ao interior, quase näo passando tempo algum no plano de consciência externa. Vendo-o naquela condiçäo, Narottam chorou muito. A Deidade Gopinatha de Abhiram Thakura era maravilhosa de ver. Narottam tomou darshan da deidade e recitou muitas oraçöes e versos em louvor do Senhor diante da deidade. No dia seguinte, após deixar a casa de Abhiram Gopal, Narottam recebeu alguma inspiraçäo de dentro e partiu para Jagannatha Puri.

Constantemente absorvido em pensar nos associados eternos de Sri Chaitanya Mahaprabhu, para Narottama parecia que chegou a Jagannatha Puri num instante. Sri Gopinath Acharya e muitos outros devotos, vendo Narottam no caminho, foram todos cumprimentá-lo na estrada. Assim, cercado de devotos, chegou a Jagannatha Puri. Depois que Sri Narottama prestou suas reverências aos pés de lótus de Gopinatha Acharya e este o abraçara calorosamente, Gopinatha Acharya falou: "Hoje mesmo estava torcendo para que chegasses." Logo Narottam e todos devotos de Vrindavan e Bengala começaram a falar longamente sobre Krishna, Gauranga, os Goswamis e muitas outras coisas. Todos devotos estavam muito contentes por terem Narottam entre si, e levaram-no para tomar darshan do templo de Jagannatha. Enquanto tomavam darshan de Jagannatha, Baladeva e Subhadra, Narottama ofereceu muitas lindas oraçöes glorificando-Os e curvou-se diante Deles repetidamente.

Depois disso, foi ao samadhi de Haridas Thakura e ao chegar lá foi inundado pelo oceano de sri-krishna-prema. Logo após, foi para a casa de Gadadhara Pandit, e começou a gritar com toda força: "ó vida e alma de Gauranga! ó Gadadhara!" A seguir, tomou darshan da deidade Tota Gopinath e ofereceu seus respeitos aos pés de lótus de Sri Mamu Goswami Thakur, que na época estava ocupado no serviço a Sri Gopinatha.

Depois, Sri Narottama Das Thakura se aproximou daquela parte da deidade Gopinath onde dizem que Mahaprabhu entrou, quando desapareceu desta terra, entrando na deidade na presença de Seus devotos. Isso está registrado no Bhakti-Ratnakara: "é difícil entender os movimentos daquela jóia real dos sannyasis, Sri Chaitanya Mahaprabhu. Quando de Seu desaparecimento, de repente a terra ficou escura. Ele entrou no Gopinatha mandir e nunca mais saiu. Assim, deixou o plano visível e entrou para o invisivel. (B.R. 8.357)

Ouvindo sobre o desaparecimento de Sri Chaitanya Mahaprabhu, Narottama disse: "ó Sachinandana, ó Gaurahari!" e caiu ao solo inconsciente. Vendo Narottama naquele desnorteado estado de separaçäo do Senhor, todos devotos começaram a chorar lágrimas de prema. Depois disso, Narottama foi à casa de Kashi Mishra, tomou darshan dos generosos pés de lótus de Sri Gopala Guru Goswami e viu as deidades no Radha-Kanta math. Em seguida foi ao templo de Gundica tomar darshan, e lembrou dos passatempos do Senhor nos jardins de Jagannatha-vallabha. Entäo visitou o Narendra Sarovara, e muitos outros lugares. Depois de alguns dias, tendo experimentado grande bem-aventurança transcendental na associaçäo dos devotos de Jagannatha Puri, e tendo visitado todos locais dos passatempos de Sri Chaitanya Mahaprabhu, despediu-se dos devotos e partiu para Sri Nrishinghapura. Uma vez lá, foi à casa de Shyamananda Prabhu. Vendo Narottama depois de tanto tempo, Shyamananda Prabhu estava flutuando no oceano de êxtase. No êxtase de krishna-prema os dois se abraçaram alegremente.

Por afeiçäo Shyamananda Prabhu manteve Narottama em Nrishinghapura por muitos dias, näo o deixando partir. Sri Narottama santificou a cidade de Nrisinghapura inundando todo mundo ali numa enxente nectárea de sankirtan. Juntos, Shyamananda e Narottama ficavam a discutir krishna-katha em grande êxtase, sem saberem se era dia ou noite. Depois de algum tempo, Sri Narottama Thakura disse adeus a Sri Shyamananda Prabhu e partiu para Gaudadesh.

Logo chegou a Sri Khanda. Ali ofereceu seus respeitos aos pés de lótus de Sri Narahari Sarkara Thakura e Sri Raghunandana. Sri Narahari Sarakara Thakura tinha grande afeiçäo pelo pai de Narottama, Sri Krishnananda. Por sua vez oferecendo seus respeitos a Narottama, Narahari o abençôou muitas vezes, tocando-lhe a cabeça com sua mäo. Sri Raghunandana abraçou-o afetuosamente. Pediram para ouvir tudo sobre os devotos de Jagannatha Puri. Assim, Narottama ía de um lugar até o seguinte em Sri Khanda, seu prazer transcendental aumentando sempre. Narottama passou muitos dias em Sri Khanda em grande felicidade, realizando sankirtan e dançando na associaçäo dos devotos ali.

Dizendo adeus a todos associados eternos de Mahaprabhu em Sri Khanda, continuou até Kanthak Nagara, para a casa de Gadadhara Das Thakura. Caiu diante da casa de Gadadhara Das, oferecendo seus respeitos, e Gadadhara Das o abraçou afetuosamente. O Bhakti-Ratnakara diz: "Vendo Narottama, Gadadhara Das abraçou-o com muita afeiçäo, molhando seu corpo com lágrimas de alegria." Sri Gadadhara Das Prabhu estava passando seus dias na dor da separaçäo de Gaura-Nityananda. Narottama Thakura ficou lá durante dois dias, e entäo partiu para ver o local de nascimento de Sri Nityananda Prabhu em Radadesh. E assim, Narottama chegou a Ekachakra-gram para visitar o local sagrado do nascimento de Nityananda. Ali, um velho brahmana que se dispôs afetuosamente para com Narottama, mostrou a ele os diferentes locais sagrados nos quais Nityananda realizou Sua lila.

Lembrando dos santos nomes de Hadai Pandit e Padmavati Devi, Narottama caiu ao chäo, sua voz embargada de êxtase. Após ver o sagrado local de nascimento de Nityananda, Narottama partiu para Kheturi Gram. Como diz o Bhakti-Ratnakara: "Após indagar ao povo local sobre o caminho para Kheturi Gram, logo chegou às margens do Padmavati. Atravessando o Padmavati, chegou em Kheturi. Na sua chegada, todas pessoas do vilarejo queriam ser as primeiras a encontrá-lo. Como Narottam estivera afastado durante tanto tempo, houve um grande festival de boas-vindas. Ouvindo sobre sua chegada, os residentes de Kheturi Gram todos começaram a fazer preparativos para recebê-lo. Raja Krishnananda e Sri Purushottama Datta, pai e tio de Narottama, já haviam falecido e retornado a Deus, ao mundo espiritual. Porém Purushottama, o tio de Narottama, tinha um filho cujo nome era Sri Santosha Datta. Depois do falecimento do rei Krishnananda e Purushottama, recebeu muitos bens e desfrute material. Santosh era a principal pessoa santa no vilarejo. E quando ouviu que Narottama Thakura estava para abençoar a cidade com seus santos pés depois de tanto tempo, a fim de ser o primeiro a saudar Narottama, correu com o resto dos devotos para esperar por ele na estrada fora de Kheturi Gram.

Depois de algum tempo, Narottama podia ser visto à distância. Ao vê-lo, Santosh, depois de curvar-se prostrado em plenas reverências, adiantou-se com lágrimas de êxtase em seus olhos, caindo ao solo repetidamente para tomar a poeira dos pés de lótus de Narottama. Diante disso, Narottama abraçou Santosh afetuosamente e perguntou como estivera todo esse tempo, perguntando-lhe muitas coisas sobre sua saúde, felicidade e bem-estar.

Alguns dias depois, Narottama Thakura iniciou Santosh com o Radha-Krishna mantra. Raja Santosh Datta antes queria que fosse construído um templo e instalada uma deidade. Agora implorava aos pés de lótus de Narottama Thakura por sua permissäo. Narottama de bom grado concedeu sua permissäo.

Dentro de alguns meses, Raja Santosh Datta providenciara a construçäo de um grande templo. As dependências do templo incluíam uma grande despensa para alimento, um saläo de kirtan, uma ala residencial e ashram para devotos, um laguinho para tomar banho, um lindo jardim florido, e uma casa de hóspedes. No dia de plenilúnio de Phalguna, no festival do aparecimento de Mahaprabhu, o templo foi dedicado e as deidades instaladas e celebraram um grande festival, que só se compara às vastas dimensöes do rajasuya-yajna de Yudhistira Maharaja. Foram enviados mensageiros a quilômetros de distância de Kheturi Gram, a terras próximas e distantes, para convidar reis, proprietários de terra, poetas, pandits, Vaisnavas, autores, bem como muitos outros hóspedes ilustres. Alguns foram enviados para longe a fim de convidar os maiores cantores e oradores. Foram feitos preparativos para instalar seis deidades a um só tempo.

O Grande Festival de Kheturi Gram

Em Buddharigram, na casa de Govinda Kaviraja, chegou a notícia do festival. Todos os devotos de lá junto com Srinivasa Acharya logo partiram para uma auspiciosa visita ao grande festival em Kheturi Gram. Dentro de alguns dias, chegou de Nrisinghapura em Orissa, Sri Shyamananda Prabhu; de Khoradoha veio Sri Jahnava Mata e Sri Parameshvari Das, Krishnadas Sarakhel, Madhava Acharya, Raghupati Vaidya, Minadekana Rama Das, Murari Chaitanya Das, Jnana Das, Mahidhara, Sri Shankara, Kamala Kara Pippalai, Gauranga Das, Nakari, Krishna Das, Damodara, Balaram Das, Sri Mukunda, e Sri Vrindavan Das Thakura. De Sri Khanda vieram Sri Raghunandana e muitos outros devotos; de Navadwipa vieram Sri Pati, Sri Nidhi e outros; de Shantipura vieram Sri Krishna Mishra, Achutananda (filho de Advaita Acharya Prabhu), e Sri Gopal bem como muitos outros. De Ambika Kalna vieram Sri Hridaya Chaitanya Prabhu e muitos outros Vaisnavas. Gradualmente todos eles chegaram a Kheturi Gram. O rei Santosh Datta providenciou um barco colossal para atravessar todos pelo rio. Do outro lado do rio, providenciara palanquins, carros-de-boi, e outros veículos para levar os devotos até Kheturi Gram. Srinivas Acharya, Narottam Thakura, e Raja Santosh adiantaram-se cordialmente ao encontro dos devotos, e após mostrar-lhes todo devido respeito, ofereceram aos devotos guirlandas de flores, e os congratularam e deram as boas-vindas com grande afeiçäo. Todos devotos receberam casas separadas e servos. Todos aqueles grandes Vaisnavas, que säo os salvadores do mundo, agraciaram a terra de Kheturi Gram com a poeira de seus pés de lótus, transformando-a assim num grande local de peregrinaçäo. O sankirtan dessas grandes almas criou um som tumultuoso que enchia os céus. Os portöes do templo e as portas de todas casas estavam decorados com folhas de bananeira, potes d'água, elementos auspiciosos como folhas de mangueira, pequenos vasos d'água decorados com sinais auspiciosos, diferentes tipos de flores. Todas grandes entradas e arcos ornamentais da cidade, bem como todas portas de todas casas estavam decoradas com símbolos auspiciosos coloridos como swastikas e estrelas de seis pontas. O efeito total era de beleza e encanto sem precedentes. Bem diante do palco do festival em diferentes pontos havia montanhas de toda sorte de potes de barro, todo tipo de vasilhas de prata, e recipientes gigantes cheios de leite, ghee, e milhares de potes de barro cheios de iogurte. Todos esses potes d'água, de barro, de prata, e recipientes gigantes, bem como gigantescos montes de vegetais, produtos alimentícios, e frutas que seriam preparados para o festival se combinavam dando a aparência de uma grande e bela montanha.

Na véspera do dia da instalaçäo, os devotos por ordem de Sri Jahnava Mata, começaram a fazer os preparativos finais para a instalaçäo das Deidades no dia do sagrado aparecimento de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Naquela noite começaram as cerimônias celebratórias preliminares, com a realizaçäo de sankirtan depois de Narottama primeiro oferecer chandan e guirlandas de flores a Sri Jahnava Mata e adorá-la devidamente. A seguir, todos devotos foram decorados com guirlandas, e a pedido de Sri Narottama e Srinivas Acharya, Sri Raghunandana Thakura cantou o mangalacharana, a invocaçäo auspiciosa. Os devotos continuaram a fazer sankirtan noite adentro a fim de tornar a atmosfera auspiciosa para o grande festival que se seguiria no dia seguinte. Após cantar e dançar noite adentro, os Vaisnavas finalmente foram descansar. Muitos milhares de pessoas honraram maha-prasada naquela noite, na véspera do Grande Festival de Kheturi Gram.

Na manhä seguinte, as cerimônias de instalaçäo e celebraçäo do aparecimento de Chaitanya Mahaprabhu começaram com todos Vaisnavas realizando maha-sankirtan. Srinivas Acharya presidiu a auspiciosa cerimônia de abhishek para as seis deidades que estavam sendo instaladas. Cerca de uma hora antes de Srinivas Acharya realizar o abhishek, as seis deidades chegaram ao templo. Naquele momento, os devotos locais, bem como aqueles que tinham vindo de longe, chegaram lá. Os oradores falaram, e os cantores cantaram doces cançöes. Os dançarinos peritos realizaram maravilhosas danças. Os diversos devotos enchiam as quatro direçöes com os sons extáticos do santo nome de Krishna, e das glórias do Senhor. Assim as quatro direçöes estavam cheias de êxtase.

Segundo as regras e regulamentos apropriados dos shastras, Srinivas Acharya realizou a cerimônia abhishek, depois do que as deidades foram vestidas com as mais finas vestes, e decoradas com lindos ornamentos. A seguir diferentes tipos de arroz doce e maravilhosas preparaçöes de vegetais e bebidas além de milhares de variedades de alimentos foram oferecidas às deidades. Ofereceram às seis deidades, Sri Gauranga, Sri Vallabhikanta, Sri Krishna, Sri Vrajendramohan, Sri Radha Ramana, e Sri Radha Kanta, todo tipo de maravilhosas preparaçöes de bhoga em diferentes potes. Conforme a bhoga era oferecida, se realizava kirtan, e depois que as deidades estavam satisfeitas por tomarem todas preparaçöes à vontade, ofereceram-lhes bochechos suavizantes de tambula, e entäo as deidades foram decoradas com chandan fragante e guirlandas. Depois disso teve um grande arotik durante o qual, em grande êxtase, todos devotos fizeram sankirtan. Depois de fazer kirtan e dançar em grande bem-aventurança, todos devotos, esquecendo de seus corpos materiais, caíram ao solo oferecendo dandavats prostrados.

Em seguida, Srinivas Acharya ofereceu a prasadam de chandan e guirlandas a Jahnava Mata. A seguir, deu guirlandas e chandan a todos devotos presentes. Srinivas, Sri Narottam, e Sri Shyamananda Prabhu distribuíram todo sândalo e guirlandas a todos devotos presentes, e quando terminaram, por ordem de Jahnava Mata, Sri Nrisingha Chaitanya Das decorou Srinivas, Shyamananda e Narottama com guirlandas de flores e pasta de sândalo. Gradualmente os devotos tomaram seus assentos no saläo de kirtan. Jahnava Mata estava sentada numa cadeira elevada na frente do saläo. Naquela hora, por ordem de Jahnava Mata e Achutananda, Sri Narottam Thakura Mahashaya começou a fazer kirtan. Sri Gauranga Das, Sri Gokula Das, e Sri Vallabha Das responderam e Devidas tocou a mrdanga.

Gauranga Das e os outros eram os mais peritos naquela assembléia ali reunida na cidade, nos diferentes tipos de canto e kirtan, e compreendiam perfeitamente as diferentes modulaçöes clássicas de voz, executando música de ouvido, bem como por melodias fixas ou näo. O doce e maravilhoso kirtan de Narottama Thakura com sua doce melodia e estilo inigualável de voz enchia as quatro direçöes e os céus acima, fazendo com que todos homens e mulheres chorassem lágrimas de prem, e todos se deliciavam nas ondas do oceano de êxtase de Vaikuntha. Naquele momento, Sri Gauranga Mahaprabhu junto com Seus próprios associados pessoais, apareceu ali e juntou-se ao sankirtan. "Quem pode descrever a abundante felicidade sentida pelos devotos quando em meio ao kirtan deles, apareceu o próprio munificente Sri Chaitanya Mahaprabhu. Como a luz de um relâmpago no meio de uma massa de belas nuvens, o próprio Sri Chaitanya apareceu na multidäo de devotos através da manifestaçäo divina." (B.R. 10:572)
Mahaprabhu apareceu no meio deles com Sri Narahari, Sri Mukunda, Sri Gouridas Pandit, Sri Advaita Acharya, Nityananda, Madhava Ghosh, Vasughosh, Govinda Ghosh, Acharya Purandara, Sri Mahesh, Sri Shankara, Sridhara, Sri Jagadish Pandit, Sri Yadunandana, Sri Kashishwara, e muitos dos outros associados internos do Senhor. Eles dançavam numa grande companhia, com um elenco de milhares, e no meio deles, Sri Achyutananda, Sri Raghunandana, Sri Pati, e Sri Nidhi, bem como muitos outros se reuniram juntos no intenso êxtase devocional daquele grande kirtan, cantando e dançando. "Quäo tomados de êxtase estavam Advaita e Nityananda! Como era maravilhoso o círculo que os devotos formaram em redor de Sri Chaitanya, que dançava no meio. Srinivasa Acharya e Narottama Thakura compreendiam plenamente aqueles passatempos como a maravilhosa manifestaçäo da misericórdia sem causa de Sri Chaitanya Mahaprabhu! Foi um ato de graça demonstrado para Srinivas Acharya e Narottam Thakura. Com isso a satisfaçäo deles foi completa. (B.R. 10.607)

Quando Mahaprabhu, que é muito afetuoso com todos devotos, apareceu com seus próprios associados eternos, Srinivasa Acharya e Narottama Thakura sentiram júbilo e satisfaçäo completos. Depois do sankirtan, Sri Jahnava Mata ofereceu às Deidades um pouco de pó vermelho que geralmente é jogado pelos hindus na época do festival Holi. Depois disso, por ordem dela, os devotos começaram a brincar com o pó colorido, jogando-o uns nos outros em grande júbilo. O corpo de todos ficou coberto com o pó vermelho conforme os devotos o jogavam uns nos outros. Assim, depois do divertimento com o pó vermelho, chegou o entardecer e a hora de celebrar o aparecimento de Sri Gauranga com uma cerimônia de abhishek. Ao cair da tarde, começou a cerimônia do banho, que foi conduzida por Srinivas Acharya, enquanto os devotos cantavam a cançäo de abhishek para celebrar a cerimônia do aparecimento de Mahaprabhu.

A cançäo dizia:

phalguna purnima mangalera sima
prakata gokula indu
nadiya nagare prati ghare ghare
uthale anande sindhu
kiba kautuka paraspare
sacidevi bhale putra laiya kole
vilase sutika ghare
balake dehite dhaya caribhite
keha na dharaye dhrti
prahanandha kare ke cine kahare
asamkhya lokera gati
balaka madhuri dechi ankhi bhari
pasare apana deha
narahari kaya sacira tanaya
prakase ki navaneha

"Num momento auspicioso durante a noite de plenilúnio do mês de Phalguna, Krishna, o Senhor de Gokula, fez Seu aparecimento na cidade de Nadiya enquanto o oceano de êxtase subia, inundando cada casa. Naquele momento, todos se divertiam muito juntos. Sachidevi estava com saúde e feliz, enquanto o bebê brincava em seu colo dentro da casa de Jagannatha Suta. De manhä, ao meio-dia, de tarde e de noite, todos queriam ver a criança, tocá-La e segurá-La. Aceitando toda sorte de dificuldades para ter a chance de ver a nova criança, um número ilimitado de pessoas foi fazer visita à casa de Jagannath Mishra.

Todos encheram seus olhos ao máximo com a encantadora visäo daquele doce menino e ao ver aquela linda cena, esqueciam de seus próprios corpos. Narahari diz que o divino aparecimento do filho de Sachi, Sri Chaitanya Mahaprabhu, assim aumentou a afeiçäo de todos e levou seus coraçöes ao ponto de derreterem." Todo mundo estava plenamente absorto no êxtase de kirtan dia e noite; ninguém podia pensar em mais nada. Finalmente chegou a hora do mangal aroti, e este principiou. Quando terminou o cantar e dançar do mangal aroti, os vaisnavas ofereceram reverências uns aos outros e retornaram a seus kutirs para tomar o banho matinal. Assim, Sri Jahnava Mata rapidamente tomou seu banho, e a fim de cozinhar para as Deidades, entrou na cozinha. Sendo perita na ciência de cozinhar, Sri Jahnava Mata, dentro de pouco tempo havia preparado vários tipos de subjis e outros pratos de vegetais, doces, bolos e bebidas. Srinivas Acharya realizou o abhishek e o puja e ofereceu a bhoga às Deidades.

Depois que a bhoga fora oferecida e o bhoga aroti terminara, todas grandes almas ali presentes sentaram-se para tomar mahaprasada. Sri Jahnava Mata distribuia prasadam com sua própria mäo aos devotos reunidos. Um grande som de "Hari, Hari!" enchia o ar de tempos em tempos enquanto os grandes devotos ali reunidos honravam prasada. Depois que todos mahants haviam terminado de tomar prasada, Sri Jahnava Mata chamou Sri Narottama, Srinivasa e Shyamananda Prabhu para tomarem prasada. Quando todos outros haviam terminado, a própria Jahnava Mata tomou prasada. Fora do saläo de kirtan, o rei Santosh Datta distribuía vários tipos de mahaprasada para a plena satisfaçäo de milhares de pessoas que tinha chegado para o festival. Quando todos amigos e parentes dos brahmanas ali presentes, bem como os convivas inesperados e näo-convidados finalmente terminaram de tomar prasada, aí o próprio rei levou mahaprasada para casa com seu séquito pessoal.

No segundo dia, Raja Santosha Datta solicitou especialmente que todos devotos cozinhassem em seus kutirs toda sorte de diferentes prasadas a serem oferecidas para as Deidades num grande festival, conforme dantes.

No terceiro dia, enquanto os devotos em seus aposentos começavam a fazer preparativos para ir embora, Raja Santosha Datta com lágrimas nos olhos deu aos devotos moedas de ouro, tecidos, diferentes tipos de potes d'água, e ofereceu seus respeitos a todos devotos. Todos devotos concederam muitas bençäos ao rei e abraçaram-no com grande afeiçäo, antes de dizer-lhe adeus e começar suas viagens de volta para casa. Sri Jahnava Mata, acompanhada por seu próprio séquito, começou sua viagem para Vrndavana. Srinivas Acharya e Shyamananda Prabhu permaneceram em Kheturi Gram por mais alguns dias, e entäo também eles foram embora para casa, e se despediram de Kheturi Gram.

Após o grande festival de Kheturi, a fama de Srila Narottama Thakur se espalhou nas quatro direçöes. Ram Krishna Acharya e Ganganarayana Chakravarti bem como muitos outros devotos eruditos da área logo tomaram abrigo nos pés de lótus de Srila Narottama Thakura.

Na cidade de Gopal Pur vivia um brahmana chamado Sri Vipradas. Certo dia, Narottama Thakura repentinamente chegou à casa dele. Vipradas ficou extremamente contente. Proporcionou-lhe respeitosa acolhida, oferecendo-lhe um assento e a hospitalidade de um humilde brahmana, de acordo com a tradiçäo védica. No local onde Vipradas armazenava seu arroz vivia uma aterrorizante cobra. Por medo da cobra ele näo se atrevia a entrar no depósito. Vipradas contou a Narottama Das sobre seu medo. Ouvindo isso, Narottama Thakura sorriu um pouco. Disse: "Näo pense nada a respeito." E quando o Thakura abriu a porta do depósito, a cobra desaparecera.

Quando Narottama saiu do depósito, via-se que ele tinha consigo as Deidades de Vishnupriya e Sri Gaurasundara em seu colo. (B.R. 10:202) Todos viram um grande milagre - do depósito Narottama Thakura emergiu segurando as Deidades de Sri Gauranga e Vishnupriya em seu colo. Levando consigo essas Deidades de Sri Gauranga Nityananda, Sri Narottam Thakura foi a Kheturi Grama, onde as instalou para serem adoradas. Atualmente encontram-se num local chamado Gambilat.

As Glórias de Narottama

Certa vez quando Narottama Thakura passou pela escola, um smarta brahmana erudito insultou Narottama Thakura na frente de seus estudantes. Blasfemando-o repetidamente, chamou Narottama Thakura de shudra. Após essa ofensa, todos membros do brahmana começaram a se desfazer com lepra. Consumido por sua incurável moléstia e näo vendo nenhuma esperança de recuperaçäo, o brahmana foi se jogar no Ganges e morrer. Naquela noite Durga Devi veio até o brahmana num sonho e disse: "Seu tolo. Consideraste um grande mahabhagavata, um devoto puro, como sendo shudra. Mesmo se morreres e tomares muitos e muitos milhöes de nascimentos näo poderás ser salvo. Mas se simplesmente fores até ele e implorares perdäo a seus pés de lótus, tudo ficará bem."

No dia seguinte, de tarde, o brahmana foi com um pedaço de pano amarrado em volta do pescoço para indicar grande humildade, e em completa submissäo, chorando e chorando, caiu diante dos pés de lótus de Narottama Thakur, implorando seu perdäo. Gradualmente, como resultado de sua associaçäo com Narottama, sua lepra sarou. Narottama Thakura aconselhou-o a se ocupar em krishna-bhajan. Gradualmente ele se tornou grandemente devotado a Narottama Thakura.
Certo dia, Narottama Thakura e Sri Ramachandra Kaviraja foram ao rio Padmavati para tomarem banho e na ocasiäo, viram dois jovens brahmanas pastoreando muitas cabras e carneiros. Narottama Thakura perguntou aos dois brahmanas se estavam fazendo um sucesso de suas vidas, realizando hari bhajan. Os dois meninos brahmanas ouviram mui atentamente. Vendo as lindas formas divinas de Narottama Thakura e Ramachandra Kaviraj, e ouvindo suas doces palavras, aproximaram-se do local onde estavam de pé às margens do rio, e num estado de espírito mui humilde, ofereceram suas respeitosas oraçöes e reverências. Narottama Thakura perguntou quem eram e eles se apresentaram dizendo: "Somos do vilarejo de Goyasa Gram, e somos filhos de um zaminddar chamado Shivananda Acharya. Nossos nomes säo Harinam e Ramkrishna. Em nossa casa, no momento estäo fazendo Durga Puja, e por ordem de nosso pai estamos trazendo todas essas cabras e carneiros para serem abatidas. Por favor dê-nos algum conselho quanto ao que devemos fazer."

Vendo o humor humilde desses dois filhos de brahmanas, Sri Thakura Mahashaya sorriu docemente e começou a falar como antes sobre as verdades do Bhagavata, explicando o que os Vedas falam sobre como karma-kanda frequentemente é praticado nos modos da paixäo e ignorância, e como aqueles cuja mente está contaminada pelos modos inferiores säo candidatos ao inferno. Os Vedas explicam que os praticantes de karma recebem alguma piedade e como resultado väo para os planetas celestiais por um curto período, mas uma vez tendo ido ao céu por breves momentos, recaem nos mundos infernais para sofrer. Quem por interesse no desfrute material for cativado pelas doces palavras dos Vedas que prometem desfrute material, verá sua inteligência encoberta. Desperdiçando sua vida com atividades materiais, tal pessoa se torna uma assassina de animais, ou assassina da alma, e depois da morte cai no inferno. Todas almas säo a energia de Krishna. Quem enxerga o paramatma em todo lugar, que está livre da violência para com os outros, que näo tem falso ego, e que sempre adora o Senhor Supremo se torna livre dos repetidos nascimentos e mortes e alcança a posiçäo liberada do serviço divino aos pés de lótus do Senhor."

Ouvindo essas palavras da boca de Srila Narottama Thakura, os dois meninos brahmanas caíram diante de seus santos pés e disseram: "Por favor abençoe estes mais caídos jovens brahmanas com a poeira de teus pés de lótus." O Thakur entäo tocou sua mäo em suas cabeças, dizendo: "Que possam obter krishna-bhakti".

Nisso, os jovens meninos brahmanas soltaram as cabras e carneiros, banharam-se no rio Padma, e foram junto com Sri Ramachandra Kaviraja e Narottama Thakura ao templo de Sriman Mahaprabhu. Naquele dia, após tomar prasada, eles novamente ouviram de Sri Narottama Thakura e Ramachandra Kaviraja sobre diferentes aspectos da verdade absoluta. No dia seguinte, após rasparem suas cabeças, os dois jovens brahmanas tomaram iniciaçäo no Radha-Krishna mantra. Harinam aceitou o mantra de Ramchandra Kaviraja e Ramkrishna de Narottama Thakura.
Depois de algum tempo, Shivananda Acharya começou a procurar e procurar por seus filhos até que descobriu que foram vistos em Kheturi Gram onde estavam vivendo como discípulos no ashrama de Narottama Thakura. Shivananda Acharya näo conseguiu conter sua ira.

Alguns dias depois, os dois irmäos retornaram ao lar. Suas testas estavam marcadas com a tilak de Vaisnava, seus pescoços decorados com tulasi mala, os doze pontos de seus corpos marcacos com vishnu-tilak, suas cabeças raspadas, portando a sikha de um devoto de Krishna. Vendo tudo isso, Shivananda bufou com a ira ardente de um fogo incontrolado. Disse-lhes: "Seus tolos! Onde é que o shastra fala que a posiçäo de um Vaisnava é maior que a de brahmana ou que por tornar-se Vaisnava a pessoa é melhor que um brahmana? Vocês negligenciaram Durga por tanto tempo, mas suas vidas säo inúteis sem Durga. Além disso, se os Vaisnavas fizerem dos brahmanas discípulos, isso levará ao caos na sociedade; os brahmanas perderäo sua posiçäo, e se os pandits forem derrotados, a religiäo será destruída e tudo será perdido."

Ouvindo essas palavras de seu pai, os dois jovens brahmanas falaram o seguinte: "Por outro lado, aquela "religiäo" ou "trabalho correto" que causa violência aos outros, e só termina em miséria, näo se pode chamar de religiäo propriamente dita, ou atividade correta. Em vez disso deve ser chamada de irreligiäo ou atividade equivocada. ó pai! Abandonando a adoraçäo de shalagrama-narayana porque estabeleceste a adoraçäo de Durga Devi e outros semideuses? Pensando cuidadosamente sobre as conclusöes acerca da realizaçäo de sri narayana bhajana, deves entender a adoraçäo de Shiva e Durga como um inútil desperdício de tempo."

Shivananda Acharya e os smarta pandits assim foram derrotados pelas conclusöes dadas pelos meninos brahmanas. Shivananda começou a considerar profundamente: "Se um grande pandit estivesse aqui, poderia derrotar tudo isso e depreciar a posiçäo do vaisnava-dharma por meio de contra-argumentos e malabarismo de palavras." Shivananda Acharya trouxe um grande mahapandit de Mithila, chamado Murari. Naquela época, com o propósito de realizar um debate, chamou seus filhos e disse-lhes que desejava que explicassem diante duma assembléia pública suas conclusöes de que um Vaisnava é melhor que um brahmana.

Sri Harinam e Sri Ramakrishna, lembrando dos pés de lótus de seu guru maharaja, explicaram o siddhanta ou conclusöes do Bhagavatam, e os argumentos dos smartas foram täo completamente despedaçados que quando chegou a vez do grande smarta mahapandit Murari falar, este foi incapaz de colocar quaisquer argumentos como resposta. Quando tudo havia terminado, o mahapandit fugiu da assembléia com grande vergonha, de cabeça baixa e aceitou a profissäo de mendigo.

Naquela noite, enquanto estava deitado, derrotado, Shivananda Acharya começou a meditar em Durga Devi. Gradualmente caiu no sono e Durga Devi apareceu-lhe num sonho. Ela entäo disse: "ó Shivananda! Sri Hari é o controlador de todos. Ele é o caminho, a verdade e a luz. Aqueles que Ele encobre com ignorância passam a me adorar. E eu asseguro a destruiçäo daqueles que me adoram. Quem näo tem a mente voltada para Krishna é demônio. No teu próprio interesse, se quiseres livrar-te das ofensas que cometeste e obter auspiciosidade, é melhor ir ver Narottam Thakura e pedir perdäo a seus pés de lótus. Senäo irei te destruir, seu ofensor dos Vaisnavas!" Após falar estas palavras recriminantes a Shivananda Acharya, Durga Devi desapareceu.

Ganganarayana Chakravarti era um famoso e altamente erudito brahmana que vivia em Gambhila Gram. Ele ouviu dos lábios de Narottama Thakura o siddhanta dos Goswamis com grande atençäo e tomou refúgio dos pés de lótus de Narottama, para mais tarde estudar muito profundamente as escrituras dos Goswamis.

Havia outro brahmana chamado Jagannatha Acharya que era um adorador de Durga. Certo dia num sonho Durga apareceu-lhe e disse: "ó brahmana simples! Vai até Narottama Thakur. Toma refúgio em seus pés de lótus. Pratica krishna-bhajan e alcançarás a mais elevada boa fortuna. Krishna é meu mestre e meu guru. Nem uma folha de grama se mexe sem que seja por vontade Dele."

Jagannatha Acharya, depois de seu banho matinal, foi a Kheturi Gram e ofereceu seus dandavats aos pés de lótus de Narottama Thakura explicando tudo que Durga lhe dissera no sonho. Ouvindo isso, o Thakura sorriu levemente e disse: "És muito afortunado por ter obtido a misericórdia de Krishna." Num dia auspicioso o Thakura iniciou-o no Radha-Krishna mantra. Sri Jagannatha Acharya se tornou um discípulo muito querido e confidencial de Narottama Thakura.

Vendo as glórias de Srila Narottama Thakura, a sociedade de smarta brahmanas ardia de inveja. Uma grande facçäo deles foi ao Raja Nrishingha e pediram-lhe socorro. Disseram: "Maharaja! Se näo socorreres os brahmanas, tua reputaçäo será arruinada e a morte certa. O filho do Raja Krishnananda Datta, Narottama Thakura, é um shudra - e no entanto ousa fazer discípulos dos brahmanas. Se isso continuar, seremos todos afogados como os membros da dinastia Yadu."

Raja Narasingha disse: "Vou protegê-los. Mas por favor digam-me, que devo fazer?"

Os brahmanas disseram: "Devíamos todos ir a Kheturi Gram junto com o grande e famoso sábio conquistador do mundo, Mahadigvijay Pandit Sri Rupa Narayana e derrotar Narottama. Com aquele grande pandit como nosso líder, Narottama näo conseguirá dizer nada. Por favor nos auxilie em tudo isso."

O rei, Raja Narasingha, disse: "Eu mesmo acompanharei cada passo do caminho. Dessa forma, aquele grupo de brahmanas junto com o grande e erudito pandit conquistador do mundo Rupa Narayana, finiciaram sua viagem a Kheturi Gram. Enquanto estavam viajando na estrada, alguém ouviu a notícia e foi para Kheturi Gram onde informou Srila Ramachandra Kaviraja e Narottama Thakura.

Quando Sri Ramachandra Kaviraja e Sri Ganganarayana Chakravarti

ouviram tudo isso, ficaram muito perturbados. Em seguida, depois de alguma indagaçäo, os dois vieram a saber que o grupo de smarta pandits estava para chegar na praça do mercado da cidade chamada Kumara Pura, e que depois de ali descansar durante um dia, chegariam a Kheturi Gram no dia seguinte. Ramchandra e Ganganarayana rapidamente foram àquela praça de mercado em Kumarpura e os dois montaram duas lojas diferentes. Sri Ramchandra Kaviraja montou uma banquinha para vender potes de barro e Ganganarayana Chakravarti estabeleceu-se numa barraca de vender pan e noz de betel.

Dessa maneira, junto com Raja Narashingha, os smarta pandits chegaram à praça do mercado de Kumarpura e montaram acampamento perto das lojas. Os discípulos dos pandits foram comprar potes de barro para cozinhar e dirigiram-se à banca de cerâmica. O oleiro (que era Ramchandra Kaviraja) começou a lhes falar em puro sânscrito. Os discípulos dos pandits também começaram a falar em sânscrito, e em breve argumentavam de cá para lá em sânscrito e foram derrotados. Da mesma forma, quando os estudantes foram comprar pan e nozes de betel na loja do panwalla (Ganganarayana Chakravarti) este lhes falou em puro sânscrito. Também eles começaram a discutir. Gradualmente chegaram seus professores no local onde a discussäo estava acontecendo e acharam-se incapazes de responder aos argumentos do panwalla e do walla de potes de barro. Finalmente, o rei Raja Narasingha e o grande pandit Rupa Narayana entraram em cena. Naquela hora um grande tumulto de discussäo enchia todas quatro direçöes. Na presença do rei, o oleiro e o pan-walla derrotaram todos smarta brahmanas, inclusive Rupa Narayana. Raja Nrishingha fez algumas indagaçöes e veio a saber que o pan-walla e oleiro eram discípulos de Narottama Das. Naquele momento disse a seus pandits: "Se vocês säo incapazes de derrotar um discípulo comum, ordinário de Narottama no assunto de siddhanta, como poderäo derrotar o próprio Narottama?"

Os smarta brahmanas fizeram silêncio. Percebendo sua derrota, fizeram preparativos para retornar a seus próprios vilarejos.

Naquela noite, o Rei Raja Narasingha e Sri Rupa Narayana viram Durgadevi num sonho. Disse ela: "Se näo aceitarem o refúgio dos pés de lótus de Narottama, cortarei todos em pedaços com minha espada afiada." Na manhä seguinte Raja Narasingha e Rupa Narayana chegaram ao local de Narottama Thakura. Este os recebeu com grande afeiçäo e com o devido respeito e cordialidade, oferecendo-lhes um assento. Disse: "Sou muito afortunado por obter a companhia de personagens täo altamente eruditos e nobres como vocês." Raja Narashinga e Rupa Narayana ficaram transtornados ante o comportamento Vaisnava gentil e polido de Narottama e caíram prostrados a seus pés de lótus implorando por perdäo por suas ofensas. Afinal, ao ouvir sobre o pronunciamento que Durga Devi fizera para eles, Narottama sorriu docemente. Depois disso, dentro de alguns dias, iniciou os dois no Radha-Krishna mantra.

O Desaparecimento de Sri Narottam Das Thakura

Srila Narottama Thakura estava constantemente absorto em cantar as glórias de Sri Gauranga e Nityananda. Dia após dia muitos ateístas, agnósticos, ofensores, adoradores de Shiva, seguidores de Durga, defensores da lógica seca, especuladores mentais e karmis eram purificados pelo toque de seus sagrados pés de lótus. Tomando as bençäos de Narottama, Sri Ramachandra Kaviraja foi a Sri Vrindavana Dhama. Depois de alguns meses ali, entrou na lila eterna de Sri Radha e Govinda. Essa notícia extremamente terrível e insuportável chegou a Srinivas Acharya e, incapaz de suportar a separaçäo de seu querido discípulo, também ele fez a passagem desta terra e entrou nos passatempos eternos de Radha e Govinda. Ouvindo todas essas notícias terríveis, Srila Narottama mergulhou num oceano de separaçäo em que começou a se afogar. Na grande e insuportável agonia de separaçäo, escreveu uma cançäo: ye anilo premadhana. Por pouco conseguindo manter-se à tona no oceano de separaçäo, Srila Narottam Thakura foi para as margens do Ganges no vilarejo chamado Gambhilaya e entrou num templo de Mahaprabhu. Narottam ordenou que os devotos realizassem kirtan. Os devotos começaram a realizar sankirtan. Depois do sankirtan, Narottam Thakura foi até a beira do rio, e com lágrimas em seus olhos tomou darshan do Ganges, oferecendo suas reverências repetidamente. Naquela hora, ele entrou nas águas do Ganges. Depois de entrar n'água à pequena distância, pediu a todos devotos que enchessem todas quatro direçöes com o canto alto do santo nome em sankirtan. Naquele momento, Sri Ramakrishna Acharya e Sri Ganganarayana Chakravarti começaram dois kirtans em dois lugares diferentes. No meio de tudo isso, o Thakura disse aos dois: "Derramem as águas do Ganges sobre meu corpo." Dizendo isso, todos foram imersos nas ondas do sankirtan. Conforme o kirtan continuava eles estavam a ponto de derramar água do Ganges sobre o corpo de Sri Narottama Thakura, quando bem naquele momento Srila Narottama Das Thakura, que estava absorto em cantar o santo nome em sankirtana, se fundiu nas águas do Ganges e desapareceu da vista material. O dia de seu desaparecimento é celebrado no dia de Krishna-panchami no mês de Karttika.

Em seu Prema Bhakti Chandrika, Narottama Thakur escreveu:

Cançäo Um

jaya sanatana rupa prema bhakti rasa kupa
jugala ujjwala rasa tanu
janhara prasade loka pararila saba soka
prakatala kalpa taru jana
prema bhakti riti jata nija granthe su-byakata
kariyachen dui mahashay
jahara srabana haite parananda haya cite
jugala madhura rasaraya
jugala kishora prem, jini laksa bana hema
hena dhana prakashila janra
jaya rupa sanatana deha more, sei dhana
se ratana mora gela hara
bhagavata shastra marma nava bidha bhakti dharma
sadai kariba su sebana
anya devashraya nai tomare kahinu bhai
ei bhakta parama bhajan
sadhu shastra guruvakya cittete kariya aikya
satata bhasiba prema majhe
karmi jnani bhakti hina ihare karibe bhina
narottame ei tattwa gaje

Cançäo Dois

ana katha ana byatha nahi jena jai tatha
tomara carana smriti majhe
abirata abikala tuwa guna kala-kala
gai jena satera samaje
anya brata anya dana nahi karon bastu jnana
anya seba anya deba puja
ha ha krishna bali bali bedera ananda kari
mane ara nahe jena duja
jibane marane gati radha krishna prana pati
donhara piriti rasa sukhe
jugala bhajaye janra premanande bhase tanra
ei katha rahu mora buke
jugala carana seba ei dana more diba
jugalete manera piriti
jugala kishora rupa kama rati guna bhupa
mane bahu o lila piriti
dasanete trina kari ha ha kishor-kishori
caranabje nibedana kari
braja-raja-suta syama brishabhanu suta nama
sri radhika nama manohari
kanaka-ketaki rai shyama marakata tay
kandarpa darapa karu cura
nata bara shiromani natinira shikarini
dunhun gune dunhun mana jhura
abharanaa manimaya prati ange abhinaya
tachu paye narottama kahe
diba nisi guna gaya parama ananda paya
mane ei abhilasa hay

"Todas glórias a Sri Sanatan e Rupa Goswami que säo fontes insondáveis de prema-bhakti-rasa. Eles personificam ujjvala-rasa. Säo árvores-dos-desejos cuja misericórdia livra todos da dor e da tristeza. Os livros dessas duas grandes almas explicam claramente prema-bhakti. Ouvir sobre eles trará grande júbilo pois eles säo os ashraya-vigrahas de madhura-rasa. ó Rupa e Sanatana, sois dotados da maior riqueza, o amor divino - radha-krishna-prema - que em vossas mäos é como milhares de setas douradas de Cupido. ó Rupa e Sanatana, concedei um pouco desse tesouro a mim, acertando meu coraçäo com essas setas de jóias. A essência do Srimad-Bhagavatam é a senda nonupla de bhakti. Sempre hei de seguir essa senda, sem me abrigar em qualquer outro deus. ó irmäos! krishna-bhakti é a forma suprema de bhajan. Fazendo das palavras do guru, shastra e sadhus a única meditaçäo de minha mente, mergulharei e aflorarei no oceano de krishna-prema. Os karmis e jnanis näo possuem bhakti. Bhakti é diferente - é sem vestígio de karma, exploraçäo, ou jnana, cálculo. Assim canta Narottama sobre a verdade."

"Näo possuo outro assunto para discutir além de Teus pés de lótus. Näo preocupo minha mente com nada além do pensamento sobre Teus pés de lótus, ó Senhor. Näo consigo falar sobre mais nada além de Tuas sagradas qualidades na companhia de outros devotos. Näo tenho outro voto além de Teu serviço. Näo tenho nenhum outro objeto de caridade. Näo me interesso por nenhum outro tipo de conhecimento além de saber como agradar-Te. Näo possuo outros deveres. Näo adoro nenhum outro deus antes de Ti. Cantando: "ó Krishna! ó Krishna!" hei de vagar em êxtase, pensando em nada mais que Ti. Radha-Krishna säo minha meta na vida e na morte e os controladores de minha respiraçäo. Realizando bhajan apenas para Eles, me levanto e afundo no oceano de prema, amor divino. Oro para que possa sempre manter esse conceito dentro de meu coraçäo como meu mais elevado ideal: que eu possa servir os pés de lótus de Sri Sri Radha e Govinda. Que minha mente se encha de dedicaçäo a suas divinas formas cuja beleza ultrapassa a de Cupido e Rati. Com uma palha entre meus dentes caio a Seus pés e apresento meu humilde pedido: "ó Kishora-Kishori! ó filho do rei Nanda, Shyamasundara! E ó filha do Rei Vrishabhanu, Sri Radhika, que encantas até mesmo Hari, cuja compleiçäo corpórea é da cor de um lótus dourado. ó Krishna, cujo matiz corpóreo é como de uma jóia azul, cuja beleza zomba de Cupido. ó maior dançarino e dançarina, Sri Krishna e Sri Radha, por favor dancem dentro da minha mente. ó Tu cuja beleza aumenta o encanto de Teus deslumbrantes ornamentos, meu único desejo é que dia e noite, em grande êxtase, eu possa continuar a cantar Tuas glórias."

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