O pai de Srinivasa chamava-se Sri Gangadhara Bhatacharya. Mais tarde ele tornou-se conhecido como Chaitanya Das. Sua esposa chamava-se Sri Laksmipriya. Ele vivia às margens do Ganges num vilarejo chamado Chakhandi Gram.
Quando Sri Gaurasundara terminou Sua Navadwip-lila, foi ao ashram de Keshava Bharati para aceitar sanyasa, e notícias da conversa de ambos foram proclamadas à distância. De todas direçöes milhares e milhares de pessoas acorreram para ver o sanyasa de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Na ocasiäo, Gangadhara veio de Chakandi Gram. Quando Sri Nimai Pandit estava para raspar Sua bela cabeleira, todos devotos começaram a chorar rios de lágrimas. O barbeiro foi incapaz de realizar seu trabalho de raspar o cabelo do Senhor. Seus olhos encheram-se de lágrimas, e näo conseguia mais enxergar. Mahaprabhu solicitou que usasse a navalha em Seu cabelo. Após algum tempo, Sri Madhu, o barbeiro, fez o trabalho de raspar a bela cabeleira do Senhor. O barbeiro gritou angustiado: "Que miséria causei! O que acabo de fazer?" e caiu inconsciente no chäo. Um grande tumulto de choro e lamentaçäo enchia as quatro direçöes. Quem conseguia consolá-los? A cena dava dó de se ver. Homens e mulheres ali näo conseguiam falar, e ao ver esta triste cena, os pássaros nas árvores também ficaram mudos.
Sri Gangadhara Bhatacharya estava chocado, e desmaiou no chäo ao ver a cena. Ao levantar-se novamente, estava meio louco. O único som que saía de seus lábios era: "Sri Krishna Chaitanya, Sri Krishna Chaitanya." Ele retornou a Chakandi Gram, mas como um louco ele continuava a cantar apenas Sri Krishna Chaitanya, Sri Krishna Chaitanya, de novo e de novo, baixinho, para si mesmo. Sua casta e fiel esposa ao ouvir sobre o sanyasa de Mahaprabhu, começou a chorar copiosamente. Todos brahmanas e suas esposas passaram dias chorando em grande agonia. Dessa forma, as pessoas de Nadia deram a Gangadhara Bhatacharya o nome "Chaitanya Das". A fim de tomar darshan dos pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu, Chaitanya Das foi com sua esposa a Jaganatha Puri.
Quando Chaitanya Das finalmente chegou em Jaganatha Puri depois de täo longa jornada e conseguiu o darshan dos sagrados pés de Sri Chaitanya, Chaitanya Das e sua esposa chorando lágrimas de alegria, caíram perante o Senhor e ofereceram suas reverências. Sri Chaitanya chamou-os para perto de si e abençoou-os com Seu misericordioso olhar, dizendo as seguintes palavras doces: "Jaganatha está encantado por terem vindo. Väo tomar o darshan Dele. O Senhor de olhos de lótus está pronto a realizar seu desejo mais recôndito do coraçäo. O Senhor é supremamente misericordioso. A fim de receber a misericórdia Dele, vieram de longe, e Ele quer satisfazer o desejo de seus coraçöes. Väo agora e tomem darshan do Senhor Jaganatha."
Sri Chaitanya Dasa e sua esposa foram tomar darshan de Jaganatha. O servo pessoal do Senhor, Govinda, foi com eles. O bom brahmana e brahmani, ao verem o Senhor Jaganatha, choraram lágrimas de prema e ofereceram muitas oraçöes e hinos das escrituras do Senhor. Depois disso seguiram as orientaçöes do Senhor sobre aonde hospedarem-se, e foram até o local que Ele providenciara para a estadia deles. Durante alguns dias, Sri Chaitanya Das com grande alegria permaneceu em Jaganatha Puri.
Certo dia, por ser o Paramatma no coraçäo de todos e portanto saber tudo, Sri Chaitanya Mahaprabhu falou a Seu servo: "Govinda! O filho desejado pelo brahmana e sua esposa brevemente aparecerá. Srinivasa será seu nome, e será uma criança linda. Através de Sri Rupa e Sanatana manifestarei os bhakti-shastras. Através de Srinivasa, todos esses shastras seräo distribuídos. Que o brahmana e sua esposa rapidamente retornem a Gauda Desh." Recebendo as auspiciosas bençäos de Sri Chaitanya Mahaprabhu com grande êxtase, Sri Chaitanya Das retornou a Gauda Desh. Logo, no ventre da esposa brahmana de Chaitanya Das, foi concebida uma criança que encarnava a potência da misericórdia do Senhor. O nome do pai de Laksmipriya era Balaram Vipra. Ele era um pandit e astrólogo perito nos Jyoti Shastras. Conseguiu entender que do ventre de Laksmipriya uma grande alma, um mahapurush, logo iria nascer. O Bhakti Ratnakara registra que: "Naquela noite de lua cheia do mês de Vaishakha, na constelaçäo ou naksatra de Rohini, quando todas estrelas estavam alinhadas de forma auspiciosa, Laksmipriya deu a luz um menino." O brilho corpóreo do menino era refulgente como ouro derretido. Possuía um nariz longo, seus olhos alongavam-se até às orelhas, tinha um peito largo, e braços que se estendiam até os joelhos. Dessa forma, via-se que manifestava todos sintomas corpóreos de um mahapurush, ou grande alma.
Sri Chaitanya Das ofereceu o menino aos pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu. No início das festividades comemorando o nascimento do filho, os pais deram profusa caridade aos brahmanas e suas esposas. Todos brahmanas e suas esposas tiveram grande prazer ao segurar a criança recém-nascida. Finalmente, a própria Laksmipriya pegou a criança no colo e o Gaura-nam kirtana começou. Ensinaram o menino a cantar o Santo Nome de Gauranga. Assim como a lua cresce de um pequeno crescente à sua forma brilhante e cheia, assim o menino gradualmente crescia e se tornava mais brilhante a cada dia que passava. Gradualmente chegou a hora da cerimônia de cortar cabelo e do cordäo sagrado. Depois dessa época, ele foi a Sri Dhananjaya Vidyavacaspati, onde começou a estudar gramática, poesia, retórica, e shastra. Dentro de pouco tempo tornou-se bem versado em todas diferentes matérias que lhe ensinavam, e sua visäo das escrituras reveladas era extraordinária.
Quando era uma criança pequenina, Srinivasa recebeu a misericórdia de Sri Govinda Ghosh Thakura e Narahari Sarakara Thakura. Depois de algum tempo, o pai de Srinivasa faleceu. Ao falecer seu pai, Srinivasa sentiu-se devastado pela dor. Todos devotos esforçaram-se ao máximo para pacificá-lo, porém ele estava inconsolável ante a perda de seu pai. Täo desconsolado estava ele que näo permitia que nenhum alimento ou bebida entrasse por seus lábios, e dessa maneira jejuou algum tempo.
Despedindo-se dos devotos dali, Srinivas e sua mäe deixaram Chakhandi Gram, e após alguns dias, chegaram a Yajigram na casa de Sri Balaram Vipra, o avô materno de Srinivas. Ouvindo sobre a mudança de Srinivas para Yajigram, as pessoas santas que ali viviam ficaram muito contentes. Ao verem a profunda erudiçäo de bhakti-prema de Srinivas, todos pandits e brahmanas em Yajigrama ficaram maravilhados. Ainda assim, o anseio do coraçäo de Srinivassa estava insatisfeito. Ele só conseguia pensar dia e noite em ver os pés de lótus de Sri Chaitanya. Logo ele se tornou muito ansioso para ir a Jaganatha Puri.
Para tomar darshan dos sagrados pés de Sri Narahari Sarakara Thakura, Srinivasa foi a Sri Khanda. Chegando lá, caiu aos pés de lótus de Narahari com sua mente cheia do êxtase de amor por Deus e começou a rolar no chäo, com a voz estrangulada pela emoçäo. Vendo seu maravilhoso amor por Krishna, Narahari abraçou-o. Srinivasa estava absorto na lembrança do Santo Nome de Sri Gauranga e chorava lágrimas de alegria. Entäo fez com que Narahari soubesse que aspirava ir a Jaganatha Puri para ver os locais santos da lila de Sri Gauranga. Sri Narahari Sarakara Thakura, Raghunandana Thakura, e alguns dos outros devotos que ali estavam, ao ouvir a proposta dele ficaram muito contentes e disseram: "Espere aqui mais alguns dias. Logo muitos dos devotos de Bengala iräo a Puri. Entäo poderás ir junto na associaçäo deles."
Srinivasa deixou Sri Khanda e retornou a Yajigram, onde contou para sua mäe seus planos de fazer uma grande viagem a Jaganatha Puri com os devotos. Ao ouvir sobre os desejos de seu filho, e vendo que a mente dele estava determinada, ela deu-lhe suas bençäos. Alguns dias depois ele partiu para Puri na companhia dos devotos de Bengala. Completamente tomadospelo júbilo interno, gradualmente chegaram a Jaganatha Puri à tardinha. Naquela noite hospedaram-se na casa de um panda que vivia perto dos portöes Simhadvara. Na manhä seguinte Srinivasa foi à casa de Gadadhara Pandit. Ao ver o Pandit, Srinivasa caiu no solo ante seus pés de lótus com lágrimas em seus olhos. Gadadhara Pandit afetuosamente pegou-o e abraçou-o. Enquanto recebia o abraço de Sri Gadadhara Pandit, Srinivasa chorava em separaçäo de Sri Gauranga.
Após permanecer na casa de Gadadhara Pandit por um dia, Srinivasa foi receber o darshan de Ramananda Raya, Sarvabhauma Bhatacharya, Vakreshvara Pandit, Paramananda Puri, Shikhi Mahiti, Govinda, Shankara, e Gopinatha Acharya, bem como muitos outros que eram associados eternos de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Ao ver Srinivasa, todos esses devotos ficaram muito contentes. Ao ver o Gaura-prema sem precedentes de Srinivasa, os devotos conseguiam compreender que ele era Gaura-shakti, a energia do Senhor. Podiam entender que através dele a mensagem de Sri Chaitanya e das várias escrituras seria pregada. Sabendo disso, todos devotos internos de Sri Chaitanya deram diversas instruçöes importantes a Srinivasa. Dentro de poucos dias, tendo visitado todos mais importantes locais santos dos passatempos de Sri Chaitanya em Jaganatha Puri, Srinivasa despediu-se dos devotos dali para retornar a Bengala. Todos devotos abraçaram Srinivasa afetuosamente antes de sua partida. Após despedir-se de todos devotos, ele partiu pela estrada para Bengala. Quando já tinha andado pela estrada por algum tempo, ouviu que Sri Gadadhara desaparecera. Srinivasa afogou-se num oceano de separaçäo e começou a chorar e lamentar que dava pena! Naquela noite Sri Gadadhara veio-lhe num sonho e apaziguou-o. Depois disso, Srinivas novamente dirigiu-se a Bengala. No caminho ouviu notícias de que Sri Advaita Acharya e Sri Nityananda Prabhu haviam desaparecido. Srinivasa Acharya caiu no chäo, estarrecido. Ali passou a noite molhando o solo com suas lágrimas de tristeza em separaçäo. Naquela noite, por Sua misericórdia sem causa, Sri Nityananda e Sri Advaita apareceram a Srinivasa num sonho e apaziguaram-no. Gradualmente, Srinivasa chegou a Bengala.
Primeiro ele foi a Sri Khanda, onde ofereceu suas reverências aos sagrados pés de Sri Narahari Sarakara, Raghunandana Thakura e os outros devotos. Tendo conseguido suas bençäos, foi a Sri Mayapur em Navadwip. Ao ver a terra-natal sagrada de Sri Chaitanya, Srinivasa caiu ao solo com a voz embargada de êxtase. Na casa de Sriman Mahaprabhu ele achou Vamshivadananda Thakura. Srinivasa prestou suas reverências aos pés de lótus de Vamshivadananda. Quando ficou sabendo quem ele era, ficou muito contente. Srinivasa gritou alto o Santo Nome de Sri Chaitanya. Srinivasa orou para obter o darshan dos pés de lótus de Sri Vishnupriya Devi. Na ocasiäo, Sri Vishnupriya näo lhe concedeu o darshan. Quando Vamshivadananda informou Sri Vishnupriya sobre o intenso desejo de Srinivasa por obter o darshan dela, e solicitou repetidamente que ela se encontrasse com ele, ela assentiu e deu ordem para que Vamshivadananda Thakura trouxesse Srinivasa até ela.
Ao vê-la, Srinivasa caiu ao solo com lágrimas de prema, prestando reverências prostradas. Sri Vishnupriya Thakurani deu suas bençäos a Srinivasa, e disse-lhe que ficasse e tomasse prasada.
Devido à separaçäo de Sri Gauranga, Sri Vishnupriya Thakurani tornara-se magra como a lua minguante de Krishna Chaturdasi, quando mal se percebe o esguio crescente lunar, pouco antes da lua nova. Sua prática consistia em separar um gräo de arroz para cada rosário de mantras Hare Krishna que cantava. Ao final do dia ela cozinhava esse arroz que separara e oferecia para a deidade de Mahaprabhu. Entäo ela aceitava apenas o suficiente para manter seu corpo e alma ligados. Em Navadwip, Srinivasa tomou darshan de muitos Vaisnavas inclusive Sri Murari Gupta, Srivasa Pandit, Damodara Pandit, Sri Sanjaya, Shuklambara Brahmachari, e Gadadhara Das.
Após permanecer alguns dias em Navadwip Dham, ele foi a Shantipura para a casa de Sri Advaita Acharya e tomou darshan dos santos pés de Sri Sita Thakurani, a eterna esposa de Sri Advaita Acharya. Sita Thakurani, devido à separaçäo de Sri Chaitanya Mahaprabhu, mal mantinha seu corpo e alma ligados. Ela deu suas bençäos a Srinivasa. Ele visitou muitos outros devotos em Shantipura e ofereceu seus respeitos e oraçöes a eles. Gradualmente dali ele foi para Khadadoha.
Em Khadadoha, na casa de Sri Nityananda Prabhu estava hospedado Sri Parameshvari Thakura. Ele trouxe Srinivasa perante Sri Vasudha e Sri Jahnava, as esposas de Nityananda, e Sri Birchandra, filho de Nityananda. Srinivasa, com lágrimas de prema em seus olhos, prestou seus dandavat pranams perante essas grandes almas e, enquanto assim fazia, Sri Jahnava colocou seus pés de lótus em sua cabeça e abençoou-o com a poeira de seus pés de lótus. Todos eram muito afetuosos para com Srinivasa. Dessa maneira ele passou alguns dias em Khadadoha. Finalmente Sri Jahnava Mata ordenou que ele fosse para Vrindavana Dham. Aceitando sua ordem sobre sua cabeça, ele visitou Khanakula, onde foi à casa de Abhirama Gopala. Depois de oferecer seus respeitos a Abhiram Gopal Thakura, este deu três golpes em Srinivasa com seu rebenque chamado Jaya-mangal, ou "Vitória da auspiciosidade". Sua esposa Sri Malini Devi, ficou irada e proibiu que continuasse, por compaixäo por Srinivas. Ela segurou a mäo de seu marido e forçou-o a parar de açoitar Srinivas. Ao ser açoitado pelo rebenque transcendental de um devoto puro, o corpo de Srinivasa ficou tomado do êxtase de Krishna-prema. Srinivas humildemente ofereceu suas oraçöes a Abhiram Gopala e suplicou por suas bençäos para retornar a Sri Khanda.
Em Sri Khanda, ao ver novamente Narahari Sarakara Thakura e Raghunandana Thakura, Srinivasa ficou muito feliz. Finalmente retornou para casa em Yajigrama e quando chegou novamente ao próprio lar, novamente prestou reverências aos pés de lótus de sua mäe. Entäo contou a ela sobre a ordem que recebera de Sri Jahnava Devi para ir a Vrindavana, e orou por suas bençäos para ir até lá. Sua mäe deu suas bençäos com grande prazer. Srinivasa logo partiu para Vrindavana. No caminho ele parou em Gaya e tomou darshan dos pés de lótus da deidade de Vishnu no local onde Mahaprabhu encontrou Isvara Puri e tomou iniciaçäo dele.
Após ficar em Gaya por dois ou três dias, ele chegou a Kashi e à casa de Chandrashekhara. Também encontrou com muitos outros devotos ali. Ao ouvir diretamente de Tapana Mishra e Chandrashekhara sobre os diferentes passatempos que Mahaprabhu realizara enquanto estivera em Kashi, Srinivasa nadava no oceano de néctar. Depois de alguns dias ele deixou Kashi.
Brevemente chegou a Mathura. Tomou banho no Vishrama Ghat. Foi no Vishrama Ghata que Sri Krishna descansou após matar o demoníaco Rei Kamsa. E por essa razäo chama-se Vishrama Ghata, ou "Local de Descanso". Srinivasa visitou o sagrado local de nascimento de Krishna e tomou darshan da Deidade Adikeshava e entäo virou em direçäo de Vrindavana. No caminho para Vrindavana, ele encontrou com muitos brahmanas residentes de Vrindavana, que lhe disseram que Raghunatha Bhata Goswami e outros grandes devotos acabavam de falecer. Ao ouvir isso, ficou muito triste. Começou a chorar e caiu no chäo, em agonia de separaçäo. Os brahmanas que estavam com ele de alguma maneira ajudaram-no a chegar ao local onde estava Srila Jiva Goswami. Sri Jiva Goswami ouvira falar de Srinivasa. Srinivasa ofereceu seus respeitos aos pés de lótus de Sri Jiva Goswami, que o abraçou com grande afeiçäo. Depois disso, ambos tinham muito a dizer. Srila Jiva Goswami, que era de Bengala, queria saber notícias sobre o bem-estar de diferentes Gaudiya Vaisnavas, e depois que se falaram por algum tempo, Jiva Goswami arranjou prasada e um local para Srinivasa ficar.
Naquele dia, Krishna Pandit, o servo da Deidade de Govinda, trouxe prasada para Srinivasa. Srinivasa tomou prasada com o próprio Jiva Goswami. Foi na tarde do dia de lua cheia do mês de Vaishakha que Srinivasa chegou em Vrindavana, no local de Jiva Goswami. Na manhä seguinte ele foi com Jiva Goswami e tomou darshan das Deidades Radha Raman. Também viram Gopal Bhata Goswami. Gopal Bhata Goswami ficou muito contente por ver Srinivasa. Srinivasa ofereceu seus respeitos aos pés de lótus de Gopal Bhata Goswami com grande humildade e suplicou-lhe que o iniciasse no divino mantra. Gopal Bhata Goswami com grande alegria concordou em iniciá-lo. No dia seguinte, no templo de Sri Radha-Raman, Sri Gopal Bhata Goswami deu mantra diksha a Srinivasa. Um dia após ser iniciado, Srinivasa foi ao Radha-Kunda onde Raghunatha Das Goswami costumava ficar. Ali ele encontrou Krishna Das Kaviraja Goswami, Raghava Pandit, e muitos outros grandes devotos e ofereceu seus respeitos a todos eles. Durante três dias ele ficou no Radha-Kunda e recebeu muitas instruçöes dessas grandes almas sobre bhajans. Tendo recebido as bençäos de todos devotos ali no Radha-Kunda, Srinivasa novamente retornou a Vrindavana para o refúgio dos pés de lótus de Sri Jiva Goswami.
Por fim, Sri Jiva Goswami ensinou o Srimad-Bhagavatam e as escrituras dos Goswamis a Srinivasa. Dentro de pouco tempo Srinivasa conhecia de cor todos sidhantas da literatura dos Goswamis. Devido a sua extrema perícia na filosofia, Jiva Goswami deu-lhe o título de "Acharya". A partir daquele dia em diante ele se tornou famoso entre os Gaudiya Vaisnavas como Srinivasa Acharya.
Srinivasa Acharya ouvira anteriormente sobre Narotama Thakura, porém no ashram de Jiva Goswami acabou encontrando-o pessoalmente. Desde seu primeiro encontro, Srinivasa e Narotama tornaram-se amigos por toda vida. Jiva Goswami ordenou que ambos vagassem pela floresta de Vrindavana com Raghava Goswami. Com a ordem do guru deles passaram a realizar a jornada pelas florestas de Vrindavana. Sri Raghava Pandit era um brahmana do sul da India, e era unicamente devotado a Sri Gaurasundara e muito querido Deste. Srimad Kavi Karnapura aponta em seu Gaura-ganodesha-dipika: "Aquela pessoa que certa vez foi a querida gopi amiga de Radharani e cujo nome era Champakalata, mais tarde apareceu como Sri Raghava Goswami e viveu em Govardhan onde adorava a Deidade de Giridhari em grande êxtase.
Sri Narahari Chakravarti dedica cinco capítulos de seu Bhakti-ratnakara discutindo em grande detalhe como Srinivasa e Narotama junto com Raghava Goswami vagaram através dos 64 kroshas de Mathura Mandala.
Após vagar através das doze florestas de Vrindavan por algum tempo, eles novamente retornaram para Jiva Goswami. Nessa época, Dukhi Krishna Das (Shyamananda Prabhu), acabava de chegar de Gauda-desha. Sri Jiva Goswami ao vê-lo ficou muito contente. Dukhi Krishnadas era o querido discípulo de Sri Hridaya Chaitanya Prabhu. O próprio Sri Hriday Chaitanya Prabhu enviara Dukhi Krishna Das para estudar na escola de Jiva Goswami. Jiva Goswami indagou sobre as notícias dos devotos de Bengala e de Utkala, perguntando sobre o bem-estar de cada um deles.
Depois disso, Dukhi Krishna Das foi apresentado a Srinivas e Narotama. Os três tinham sido ornamentados com todas boas qualidades e logo iniciaram uma amizade que iria durar pelo resto de suas vidas. Os três cultivaram uma profunda compreensäo das escrituras dos Goswamis, estudando-as aos pés de lótus de Srila Jiva Goswami. Dessa forma eles ficaram com Rupa Goswami que ensinou tudo àqueles fieis e queridos discípulos dele, até que a compreensäo deles fosse perfeita.
Naquela época, os Goswamis de Vrindavana decidiram enviar Narotama, Srinivasa, e Shyamananda a Bengala para divulgar as escrituras dos Goswamis e pregar. Os três eram extremamente renunciados e altamente versados nas conclusöes das escrituras bhakti-rasa. Depois disso, os três foram chamados perante os Goswamis, que esclareceram seu desejo que as escrituras fossem pregadas. Os três concordaram com grande entusiasmo em realizar a tarefa que lhes fora ordenada. Ficou decidido que os três partiriam num dia auspicioso. Escolheram o dia de Shukla-paksha do mês de Agrahayana.
Depois disso, primeiro ofereceram suas respeitosas reverências às três principais deidades de Vrindavan, Sri Govinda, Gopinatha, e Madana Mohan, e entäo estas três grandes almas, Shyamananda Prabhu, Narotama Thakura, e Srinivasa Acharya, foram enviadas por Jiva Goswami com as escrituras dos Goswamis para Bengala. Os livros foram cuidadosamente embalados numa arca e carregados num carro de boi. Dessa forma partiram com o carro de bois na estrada para Mathura, a caminho de Bengala. Era umalonga viagem, e eles se moviam de vilarejo em vilarejo, parando à noite num deles, e ali realizavam sankirtan e pregavam, tomavam prasada e descansavam. Gradualmente o carro de bois chegou em Vanavishnupura.
Vanavishnupura era a sede do Rei Birhambir, líder dos dacoítas, seita de ladröes da India. Um de seus ladröes informou que muitas pessoas estavam se movendo pela estrada com uma arca cheia de jóias carregada por um carro de bois que se dirigia rumo a Bengala. Reportou que acabavam de entrar em Vanavishnupura. O rei instruiu seus homens para que roubassem a arca de jóias do carro de bois. Os devotos finalmente chegaram a Vanavishnupura bem na hora em que o sol se punha. Após conferenciarem entre si, decidiram ficarem por ali aquela noite, e descansar às margens de um sarovara no vilarejo. Como muitas pessoas viviam ali perto, poderiam pedir que algumas tomassem conta do carro de bois e assegurar que nada fosse roubado. De fato, ao verem a refulgência desses Vaisnavas, e após ouvirem seus bhajans e kirtan, todo povo do vilarejo ficou maravilhado.
O Rei Birhambir repetidamente enviou diversos ladröes para obter notícias de seus movimentos. E aconteceu pela vontade da providência que após muitos dias, a meta de sua mente acabou se realizando. Certa noite especialmente obscura, os devotos estavam dormindo pacificamente às margens dum rio após tomar prasada, tendo deixado todas escrituras dos Goswamis dentro da arca no carro de bois. Estavam profundamente adormecidos. Nessa hora, vieram os ladröes e cuidadosamente roubaram a arca de livros e correram embora. Levaram a arca ao Rei Birhambir, conforme este ordenara. Quando o Rei viu a arca, pensou: "Jóias! Tesouros!" Sua mente se entregou ao júbilo. Chamando os ladröes perante si, recompensou-os com novas roupas e ornamentos e parabenizou-os pelo bom trabalho.
O Rei considerou: "Esta arca certamente veio do ocidente. Após muitos dias, finalmente obtive grande fortuna." Dessa forma, sua alegria näo tinha limites. Tinham dito que umas jóias valiosas estavam dentro da arca, e assim ele a queria. O Rei Birhambir possuía um astrólogo em sua corte, que lhe dissera que o que estava dentro da arca näo tinha preço.
Dessa forma, quando os devotos acordaram na manhä seguinte, viram que a arca contendo as escrituras dos Goswamis näo estava mais na carroça de bois. Sentiram-se como se tivessem sido acertados por um raio em suas cabeças. Começaram a procurar nas redondezas e perguntavam a todos. Porém ninguém sabia de nada. Näo encontraram nada. Os três ficaram próximos da morte devido à depressäo. Algum tempo depois, quando estavam mais calmos, disseram: "Quem pode entender a vontade de Govindadev? Quando embarcamos nessa jornada recebemos Suas bençäos. Foi por Sua vontade que todas escrituras dos Goswamis foram colocadas numa só arca." Dessa maneira os devotos falavam contemplativamente sobre o significado da tragédia que se abatera sobre eles. Lembraram que certa vez ouviram os Goswamis falar que Vanavishnupura tinha um rei que era líder de uma gangue de dacoítas. Esse rei era famoso por roubar toda sorte de coisas valiosas dos peregrinos que passavam pela estrada.
Nessa noite, o rei abriu a arca contendo as escrituras dos Goswamis. Após abrir a caixa, removeu o pano que encobria o conteúdo. Ali ele viu os livros queridos dos Goswamis. Abriu um dos livros e viu o nome "Sri Rupa Goswami" escrito na folha de palmeira. Quando viu a escrita infalivelmente bela de Sri Rupa Goswami, todos pecados que acumulara por toda sua vida de crimes imediatamente voaram para longe. Seu coraçäo foi purificado. De seu coraçäo puro surgiu o divino enlevo de Krishna-prema. Recolocando cuidadosamente as escrituras dos Goswamis na arca, o Rei retirou-se para se deitar naquela noite. Enquanto descansava, teve um sonho inusitado. Em seu sonho viu uma pessoa linda, cujo corpo brilhava com uma refulgência luminosa como uma montanha dourada. Seu sorriso era como a lua. Aí essa pessoa falou, dizendo-lhe: "Näo te preocupes. Logo virei e nos encontraremos. Nessa hora tua felicidade será incessante. Vida após vida serás meu servo eterno."
Quando o rei viu as escrituras na arca, imediatamente começou a se preocupar, pensando consigo mesmo: "A perda dessas escrituras sagradas certamente está causando problemas a alguém, em algum lugar. Isto será causa de grande ansiedade para mim." Em seu sonho a divina pessoa dissera: "ó Rei, näo te preocupes. A fim de recuperar o tesouro dessas escrituras brevemente virei encontrar-me contigo. Vida após vida serás meu servo eterno."
Os três devotos decidiram que Sri Narotama Thakura deveria ir a Kheturi Gram, Sri Shyamananda Prabhu deveria ir a Ambika Kalna, onde iria ao palácio do rei e recuperaria as escrituras dos Goswamis. Um brahmana residente de Vishnupura chamado Sri Krishna Valabha ficou fascinado ao ver Srinivasa Acharya e trouxe Srinivasa Acharya para sua própria casa onde adorou o Acharya apropriadamente com o devido respeito. Afinal, o Acharya iniciou-o no divino mantra. Havia outros presentes ali, que reconheceram Srinivasa Acharya como seu guru e aceitaram inciaçäo dele.
O Rei Birhambir sempre ouvia o Bhagavatam. Ao saber disso, Srinivasa Acharya queria ir ao palácio do rei e dar uma palestra sobre o Bhagavatam. Sugeriu essa proposta a Sri Krishna Valabha. Sri Krishna Valabha disse-lhe que o rei tinha muita fé no Bhagavata e nos sadhus. Disse: "Vamos ao palácio do rei hoje mesmo." Ao ouvir isso, Srinivasa Acharya rapidamente foi com Krishna Valabha ao palácio do rei. Quando Raja Birhambir viu a brilhante refulgência de Srinivasa Acharya, caiu ao solo oferecendo suas reverências prostradas. Na ocasiäo, ofereceu a Srinivasa um assento elevado, e guirlandas de flores fragantes. Depois disso, Srinivasa Acharya entoou as oraçöes guru-vandana a seu mestre espiritual numa doce voz, e começou sua explicaçäo do Srimad-Bhagavatam. Seu recital dos versos foi maravilhoso, e suas explicaçöes eram mais maravilhosas ainda. Após ouvir sua explicaçäo, toda a assembléia, incluindo o rei, derreteu-se em krishna-prema.
É dito que "só de ver um grande Vaisnava já se é purificado". O grande líder dacoíta foi purificado simplesmente por ver Srinivasa Acharya. Depois que Srinivasa Acharya terminou suas explicaçöes do Srimad Bhagavatam, principiou o sankirtan do Santo Nome e, após algum tempo, ele começou a dançar no kirtan. Depois de algum tempo, Raja Birhambir, com uma palha entre os dentes, caiu perante os pés de lótus de Srinivasa Acharya e ofereceu suas reverências prostradas num humor de grande humildade, suplicando-lhe por sua misericórdia repetidamente. Srinivasa Acharya pegou-o e abraçou-o cordialmente. Disse-lhe que brevemente, o próprio Sri Gauranga concederia Sua misericórdia a Raja Birhambir. Depois disso o rei trouxe a arca com as escrituras dos Goswamis e ofereceu-as a Srinivasa Acharya.
Srinivasa Acharya podia entender o significado da "doce misericórdia sem limites" de Sri Gaurasundara. Pode-se ver Sua vontade manifesta em tudo que acontece. Srinivasa Acharya deu suas bençäos ao rei. Notícias disso tudo logo chegaram a Sri Jiva Goswami em Vrindavana. Ouvindo notícias de tudo que transpirara, Jiva Goswami e os outros Goswamis ficaram muito felizes e acharam as atividades de Srinivasa Acharya maravilhosas.
Despedindo-se do rei, Srinivasa Acharya levou a arca de livros até Yajigram e contou a todos devotos dali o que ocorrera. Ouvindo tudo de Srinivasa, os devotos ficaram muito contentes. Na ocasiäo ele soube do falecimento de Sri Vishnupriya Thakurani em Navadwipa. Em grande infortúnio e desespero, Srinivasa Acharya desmaiou. Os devotos todos fizeram o melhor que podiam para reanimar e consolar Srinivasa, e após algum tempo voltaram-lhe os sentidos. Nesse momento chegou uma mensagem de Sri Raghunandana em Sri Khanda, convidando Srinivasa Acharya para vir até lá. Sem demora, Srinivasa partiu para Sri Khanda. Quando Narahari Sarakara Thakura, Raghunandan Thakura e todos outros associados eternos de Sri Chaitanya em Sri Khanda viram Srinivasa Acharya ficaram muito felizes. Srinivasa ofereceu seus respeitos a todos eles e trouxe as notícias sobre os Goswamis em Vrindavana.
Naquela ocasiäo, Sri Narahari Sarakara Thakura contou a Srinivasa Acharya que era desejo da mäe dele que Srinivasa casasse. Ele disse: "Sua mäe é uma grande devota. Durante muito tempo ela prestou serviço em Yajigrama. O que ela mandar você deve fazer. É desejo dela, como era de seu pai, que você case." Sem ter de ouvir a ordem de sua mäe nem mais uma vez, Srinivasa aceitou a em sua cabeça. Após ficar mais alguns dias em Sri Khanda, ele foi a Kanthak Nagara visitar a casa de Gadadhara Dasa Thakura e tomar darshan dele.
Depois de oferecer seus respeitos a Gadadhara Das Thakura, este o abraçou afetuosamente. Gadadhara Dasa queria ouvir de Srinivasa sobre todos devotos em Vrindavana, especialmente os Goswamis. Ele estava curioso para saber dele tudo sobre o bem-estar desses devotos que Srinivasa vira em sua longa viagem. Após ouvir tudo dele, Gadadhara ficou muito contente. O Acharya passou mais alguns dias com Gadadhara Das e entäo despediu-se dele. Na hora de Srinivasa partir, Gadadhara Dasa abençoou-o dizendo: "Um dia certamente saborearás o néctar do sankirtan do próprio Senhor, rodeado de Seus associados pessoais. Tens minhas bençäos para ir e casar. Que lhe traga auspiciosidade."
Aceitando as bençäos e instruçöes de Sri Gadadhara Das, Srinivasa Acharya retornou a Yajigrama. Naquela época em Yajigrama, Raghunandana Thakura acabava de chegar, para satisfaçäo de todos. Em Yajigrama vivia um devoto brahmana chamado Gopal Chakravarti. Ele tinha uma filha linda e devotada chamada Draupadi. Sri Raghunandana Thakura realizou o arranjo para que ela fosse unida a Srinivasa Acharya num sagrado matrimônio. No dia de akshaya triti do mês de Vaishakha, realizou-se o casamento. O nome anterior da esposa do Acharya era Draupadi, porém depois do casamento seu nome passou a ser Ishvari. Anteriormente Sri Gopal Chakravarti tinha tomado iniciaçäo mantrica de Srinivasa Acharya. Gopal Chakravarti tinha dois filhos chamados Shyama Dasa e Ramachandra. Eles tomaram iniciaçäo de Srinivasa Acharya também. Sri Narahari Sarakara Thakura, ao ouvir notícias sobre o casamento de Srinivas Acharya ficou muito contente.
Com o tempo, Srinivasa Acharya começou a instruir seus discípulos nas escrituras dos Goswamis. Os filhos de Dvija Haridas, Sridas e Sri Gokulananda também tomaram iniciaçäo de Srinivasa Acharya e começaram a estudar as escrituras dos Goswamis sob sua orientaçäo. Gradualmente a influência de Srinivasa Acharya começou a se espalhar. Dentro de pouco tempo, muitas almas sinceras e fiéis vieram a ele para refugiarem-se em seus pés de lótus.
Srinivasa Acharya encontra Ramachandra Kaviraja
Certo dia Srinivasa Acharya estava em Yajigrama em sua própria casa, onde muitos devotos estavam reunidos para ouví-lo palestrar sobre o Srimad-Bhagavatam. Na ocasiäo, Ramachandra Kaviraja, filho de Chiranjiva Sen (um dos associados eternos de Mahaprabhu) estava passando perto da casa de Srinivasa Acharya. Ele acabava de se casar e vinha voltando do casamento com sua noiva. De longe Srinivasa Acharya enxergou Ramachandra Kaviraja, e este também viu Srinivasa Acharya à distância. Ao se verem à distância, um profundo humor de amizade brotou dentro do coraçäo desses dois devotos eternamente perfeitos de Sri Gauranga. Depois de se verem, ficaram ansiosos por encontrarem-se. Srinivasa Acharya ouvira sobre Ramachandra Kaviraja pelas pessoas do local. E Ramachandra Kaviraja ouvira sobre Srinivassa Acharya. Dessa forma eles se encontraram e foram apresentados por algumas pessoas do local.
Sri Ramachandra e sua nova esposa vieram à casa de Srinivasa Acharya. Como o dia passou rapidamente! Passaram a noite onde estavam hospedados desde que tinham chegado a Yajigrama, na casa de um brahmana perto do lar de Srinivasa Acharya, e na manhä seguinte foram ver Srinivasa Acharya e caíram diante de seus pés oferecendo reverências prostradas. O Acharya pediu que Ramachandra Kaviraja se levantasse do chäo e o abraçou cordialmente, dizendo: "Vida após vida foste meu amigo. A providência nos reuniu novamente hoje arranjando nosso encontro." Ambos sentiram grande felicidade como resultado do encontro. Vendo que Ramachandra possuía inteligência transcendental aguda e profundamente erudita, Srinivasa ficou muito contente. Começou a fazê-lo ouvir as escrituras dos Goswamis. Após alguns dias o Acharya iniciou-o no divino mantra Radha-Krishna.
Depois de algum tempo, Srinivasa Acharya novamente partiu para Vrindavana. Junto com ele íam muitos outros devotos que também desejavam ir a Vrindavana. Seguiam o caminho que o Acharya tomara anteriormente, e depois de algum tempo andando e andando, finalmente chegaram a Gaya Dham, onde tomaram darshan dos pés de lótus da Deidade de Vishnu. Depois disso foram a Kashi. Ali Srinivasa recebeu darshan de Sri Chandrashekara e dos outros devotos de Kashi, os quais estavam todos muitos contentes por ver Srinivasa e que o abraçaram com grande afeiçäo.
Srinivasa ficou em Kashi por dois ou três dias e entäo partiu para Mathura. Ao entrar em Mathura, ele novamente se banhou no Vishrama Ghata. Depois disso, foi ao local sagrado do advento de Krishna nesse mundo e ali viu a Deidade de Adi Keshava. Logo após, ele deixou Mathura para ir a Vrindavana. Brevemente, chegou em Vrindavana. Ali, Sri Jiva Goswami já o esperava, Srinivasa foi até Sri Jiva Goswami e ofereceu-lhe suas respeitosas reverências, e Sri Jiva Goswami fê-lo levantar e entäo abraçou-o cordialmente. Indagou sobre notícias dos Gaudiya Vaisnavas de Bengala, que näo via há muito tempo. Justo nesse momento, também chegava a Vrindavana vindo de Puri, Shyamananda Prabhu. Ele ofereceu seus respeitos a Sri Jiva, que o abraçou e pediu notícias dos devotos de Puri. Depois disso, Srinivasa e Shyamananda foram reunidos. Ofereceram-se reverências e se abraçaram e ficaram muito contentes por se reverem. Entäo chegou a notícia que Dvija Haridasa acabava de falecer e eles ficaram muito infelizes. Ficaram em Vrindavana com Jiva Goswami, que lhes ensinou diversos sidhantas, conclusöes devocionais, a partir de um livro que acabava de completar, o Sat Sandarbha: Seis Tratados. Nessa época Jiva Goswami também começara a trabalhar num livro chamado Gopal Champu. Ele leu a invocaçäo ou mangalacaranam desse livro para Srinivasa e Shyamananda.
Srinivasa Acharya ficou em Vrindavana com Sri Jiva Goswami associando-se com os outros Goswamis durante alguns meses, em grande felicidade. Depois de algum tempo, ele mandou um recado a Gauda Desh, para que Ramchandra Kaviraj viesse até Vrindavana. Alguns devotos bengaleses que estavam em Vrindavana levaram a mensagem a Ramchandra. Quando este chegou, apresentou-se a Sri Jiva Goswami. Ramchandra ofereceu plenas reverências a Sri Jiva, que o colocou de pé e abraçou. Jiva Goswami ordenou que visitasse as deidades importantes em Vrindavana, a começar por Radharamana, Govinda, e Gopinatha e que tomasse darshan dos pés de lótus dos Goswamis. Junto com Shyamananda e Srinivasa, Ramchandra fez o que fora ordenado, e os três tomaram darshan das deidades e santos de Vrindavana. Vendo a extrema humildade devocional e outras boas qualidades de Ramchandra Kaviraja, os Goswamis de Vrindavan ficaram muito satisfeitos.
Srimad Jiva Goswami entäo ordenou que Ramchandra fosse tomar darshan das diferentes florestas de Vrindavana. Depois que vira tudo, foi ao Radha-kunda e tomou darshan dos pés de lótus de Raghunath Das Goswami e de Krishna Das Kaviraja Goswami. Depois, por ordem de Sri Jiva Goswami, Srinivasa Acharya e Shyamananda Prabhu partiram para Gaudadesh.
Gradualmente chegaram a Vanavishnupura. Quando ali chegaram, o Rei Birhambir ficou täo feliz por ver Srinivasa Acharya que começou a dançar. Depois disso o rei cuidadosamente adorou Srinivasa Acharya conforme as regras de adoraçäo ao guru, e entäo ofereceu-lhe saborosos alimentos, após o que organizou um grande festival no palácio real. Vendo a bhakti do rei, Shyamananda ficou maravilhado. Nessa época, Srinivasa Acharya iniciou o rei no Radha-Krishna mantra. O nome do rei tornou-se Sri Chaitanya Dasa. O filho do rei, Darhihambir, também tomou iniciaçäo e seu nome passou a ser Sri Gopal Dasa. Pela graça de Srinivasa Acharya, o rei providenciou a instalaçäo de uma deidade, Sri Kalachand. Srinivasa Acharya, com sua própria mäo, instalou as deidades, realizando a cerimônia abhishek e puja bem como todos outros rituais apropriados. Após permanecer ali por algum tempo, Sri Shyamananda Prabhu partiu para Puri. Srinivasa Acharya foi-se para Yajigrama.
Naquela época, o rei de Shikhareshvara, Sri Narinarayana Dev convidou Srinivasa Acharya à sua própria casa. Os associados eternos de Srinivasa Acharya organizaram uma recepçäo triunfal para Srinivasa Acharya ali. O Acharya ficou lá alguns dias e falou Bhagavata-katha que fluía docemente como a corrente do Ganges. Muitas pessoas ali alcançaram a misericórdia de Srinivasa Acharya.
Após passar alguns dias na terra de Shikheshvara, Srinivasa chegou em Sri Khanda, e ali ouviu que no dia de Krishna Ekadasi do mês de Agrahayana, Sri Narahari Sarakara Thakura entrou nos passatempos imanifestos do Senhor, deixando este mundo temporário. Ao ouvir sobre isso, ele caiu no chäo, inconsciente. Em grande lamentaçäo, chorou um rio de lágrimas. Na dor da separaçäo, ele näo conseguia se conter. Sri Raghunandana Thakura sentiu-se perdido em meio ao sofrimento. Ao ver Srinivasa, ficou um pouco apaziguado. Durante alguns dias Srinivasa ficou em Sri Khanda, antes de continuar para Kanthak Nagara. Lá chegando, ouviu que no mês de Kartika, Gadadhara Das falecera. Varado pela agonia da separaçäo, Srinivasa sentia que sua vida tinha se esvaído. Em grande sofrimento, de algum modo refez-se e retornou a Yajigrama. Ali, quando voltou a sua própria casa, convidou todos devotos para um grande festival.
Algum tempo depois, no Krishna Ekadasi do mês de Magh, realizaram um festival em honra ao desaparecimento de Dvija Haridasa em Kanchangari Nagara. Para participar do festival, Srinivasa foi a Kanchangari Nagara. Nesse festival havia uma grande multidäo. Foi no dia do festival, que os filhos de Dvija Haridas (Sri Dasa e Sri Gokulananda) tomaram iniciaçäo de Srinivasa Acharya. Depois de ficar por ali alguns dias, Srinivasa partiu a caminho de Kheturi Gram. Ali, no dia de Phalguna Purnima, dia do advento de Mahaprabhu, iria se realizar um grande festival. O festival seria organizado pelo Rei Santosh Duta. Ele era filho do irmäo de Narotam, bem como discípulo de Narotam. Para esse festival, a própria Jahnava Devi, esposa do Senhor Nityananda, viera. Junto com ela vieram Sri Nidhi, Sri Pati, Sri Krishna Mishra, Sri Gokula, Sri Raghunandana, e muitos outros associados eternos de Mahaprabhu.
Srinivasa Acharya realizou a cerimônia de abhisheka e o puja para a instalaçäo da deidade. Quando veio o dia da lua cheia do mês de Phalguna, começaram o grande festival de Hari Kirtana cantando o Santo Nome o dia inteiro. Cantaram dia e noite, e no meio desse grande kirtana Chaitanya Mahaprabhu junto com Seus associados eternos apareceram diante dos devotos e revelaram-se à visäo de todos. No dia seguinte ao festival, um houve um grande banquete.
O nome das deidades era Sri Gauranga, Sri Valabhikanta, Sri Vrajamohana, Sri Krishna, Sri Radha Kanta, Sri Radharaman. A instalaçäo dessas seis deidades foi um grande festival. O mundo nunca vira um festival Vaisnava täo grandioso. Na conclusäo do festival, Raja Santosh Datta distribuiu belos tecidos e ornamentos para todos devotos. Os devotos por sua vez, cumularam o rei de bençäos auspiciosas.
Depois do festival, Srinivasa Acharya e Shyamananda Prabhu voltaram a Yajigrama. Muitos Vaisnavas foram junto com eles, e quando chegaram à casa de Srinivasa começaram um festival ali. Depois de alguns dias, Narotama Thakura chegou por ali. Depois que os três passaram algum tempo juntos em Yajigrama trocando realizaçöes, Shyamananda Prabhu dirigiu-se a Utkaladesh. Srinivas, Narotama, e Ramchandra Kaviraja partiram para Navadwipa. Quando chegaram à casa de Sri Gauranga em Mayapura/Navadwipa, encontraram o idoso servo do Senhor,Ishan Thakura, e prestaram suas reverências a seus pés de lótus, prostrando-se como varas. Todos apresentaram-se a Ishan e quando este descobriu quem eram, abraçou todos no êxtase de prema.
Nessa época Ishan Thakura era o único a permanecer na casa de Sriman Mahaprabhu. No dia seguinte, Ishan levou-os em parikrama, e juntos os três viram todos locais sagrados de Navadwipa. Conforme eram levados de local em local, ficaram muito felizes ao ouvir de Ishan os diferentes passatempos do Senhor realizados em Navadwipa. Depois que ele lhes mostrara os locais sagrados, novamente ofereceram-lhe seus respeitos e, pedindo permissäo para partir, dirigiram-se a Sri Khanda. Logo depois disso, Sri Ishan Thakura desapareceu desse mundo e entrou nos passatempos imanifestos do Senhor. Dessa maneira, todos associados eternos do Senhor em Navadwipa e Mayapura gradualmente desapareceram desta terra e entraram na lila imanifesta do Senhor.
Certo dia, Raghunandana Thakura queria que Srinivasa viesse para uma visita, portanto enviou um devoto levando essa mensagem a Yajigrama. Srinivasa Acharya .....
(ESTE PEDAÇO ESTA FALTANDO - É PAGINA 202. A PRóXIMA COMEÇA COM:
Chakravarti with folded hands stood before him. Understanding his desire, etc.)
Chakravarti de mäos postas estava de pé diante dele. Entendendo seu desejo, Srinivasa Acharya sorriu ligeiramente. Ele ofereceu um assento a Raghava Chakravarti e indagou sobre a razäo da visita deste. Após permanecer silencioso durante algum tempo, o brahmana finalmente falou, dizendo: "Vim aqui submeter uma sugestäo a seus pés de lótus, porém näo consigo encontrar a audácia para expressá-la, por respeito a Vossa Reverência. Se puder assegurar-me que nada tenho a temer ao falar, direi por que vim." O Acharya disse: "Näo há nada a temer. Por favor diga o que pensa." Entäo o brahmana ofereceu a Srinivasa Acharya a mäo de sua filha em casamento. Ao ouvir isto, o Acharya sorriu ligeiramente. Ao ouvirem tudo isso, os devotos ali presentes ficaram muito contentes. Finalmente Srinivasa Acharya concordou em casar-se com a filha de Raghava Chakravarti.
Com grande pompa, Maharaja Birhambir fez os arranjos para o casamento de Srinivasa Acharya. Quando os astros estavam auspiciosos, Sri Raghava Chakravarti, tendo ornado sua filha com belas vestimentas e ornamentos, veio até Srinivasa Acharya e ofereceu-lhe a mäo de sua filha. Após casar-se com Srimati Gauranga Priya, Srinivasa Acharya retornou com sua nova esposa a Yajigrama. Exatamente nessa época a divina energia de Nityananda - Sri Jahnava Devi - justamente chegava à casa de Srinivasa Acharya, tendo retornado de uma peregrinaçäo a Vrindavana. Ao vê-la, a felicidade do Acharya näo conhecia limites. Com grande respeito ele tomou a poeira de seus pés de lótus, ofereceu-lhe o assento de honra e, após adorá-la, pediu que sua nova esposa, Gauranga Priya, oferecesse seus respeitos e oraçöes aos pés de lótus de Jahnava Mata.
Quando Sri Jahnava Mata, que é conhecida como Bhakta-Svarupini - a personificaçäo de bhakti - viu o bom caráter e beleza da jovem esposa, abraçou-a com grande afeiçäo. Com grande felicidade, permaneceu na casa de Srinivasa Acharya durante alguns dias, após o que novamente retornou a seu vilarejo, Khorodoha Gram. Em Yajigram, Srinivasa Acharya aceitou muitos discípulos. Ele frequentemente discutia os shastras e realizava sankirtan até que sua voz ficava rouca e que näo conseguia mais falar. Em Yajigrama, Srinivasa experimentou grande êxtase ao discutir as escrituras dos Goswamis, ao estudá-las e ensiná-las a outrem. Dessa maneira ele passava seus dias em grande felicidade. Vendo a opulência devocional do Acharya e capacidade expansiva de pregaçäo, todos ficaram maravilhados. Por sua influência muitos ateístas importantes vieram e se renderam a seus pés de lótus.
Srinivasa Acharya, Sri Narotama e Sri Ramchandra Kaviraj possuiam um só coraçäo e mente. Srila Narotama Thakura escreveu doya kore sri acharya, prabhu srinivasa - ramchandra mage narotamo das: "ó Srinivasa, seja misericordioso comigo! Narotama ora pela associaçäo de Ramchandra Kaviraja."
Srinivasa Acharya tinha três filhos e três filhas. Os nomes de suas filhas eram Krishna Priya, Hemalata, e Phulapi Thakurani. Seus filhos chamavam-se Vrindavan Valabha, Radha Krishna, e Sri Gita Govinda. O filho de Sri Gita Govinda chamava-se Krishna Prasada. Seu filho chamava-se Jagadananda. Jagadananda Thakura possuía duas esposas. O filho de sua primeira esposa era Yadavendra e com a segunda esposa teve Radha Mohana, Bhuvana Mohana, Gaur Mohan, Shyam Mohan e Madan Mohan. Os descendentes de Bhuvana Mohan atualmente vivem em Murshidavad em Manikyahar Gram.
Quando Sri Gaurasundara terminou Sua Navadwip-lila, foi ao ashram de Keshava Bharati para aceitar sanyasa, e notícias da conversa de ambos foram proclamadas à distância. De todas direçöes milhares e milhares de pessoas acorreram para ver o sanyasa de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Na ocasiäo, Gangadhara veio de Chakandi Gram. Quando Sri Nimai Pandit estava para raspar Sua bela cabeleira, todos devotos começaram a chorar rios de lágrimas. O barbeiro foi incapaz de realizar seu trabalho de raspar o cabelo do Senhor. Seus olhos encheram-se de lágrimas, e näo conseguia mais enxergar. Mahaprabhu solicitou que usasse a navalha em Seu cabelo. Após algum tempo, Sri Madhu, o barbeiro, fez o trabalho de raspar a bela cabeleira do Senhor. O barbeiro gritou angustiado: "Que miséria causei! O que acabo de fazer?" e caiu inconsciente no chäo. Um grande tumulto de choro e lamentaçäo enchia as quatro direçöes. Quem conseguia consolá-los? A cena dava dó de se ver. Homens e mulheres ali näo conseguiam falar, e ao ver esta triste cena, os pássaros nas árvores também ficaram mudos.
Sri Gangadhara Bhatacharya estava chocado, e desmaiou no chäo ao ver a cena. Ao levantar-se novamente, estava meio louco. O único som que saía de seus lábios era: "Sri Krishna Chaitanya, Sri Krishna Chaitanya." Ele retornou a Chakandi Gram, mas como um louco ele continuava a cantar apenas Sri Krishna Chaitanya, Sri Krishna Chaitanya, de novo e de novo, baixinho, para si mesmo. Sua casta e fiel esposa ao ouvir sobre o sanyasa de Mahaprabhu, começou a chorar copiosamente. Todos brahmanas e suas esposas passaram dias chorando em grande agonia. Dessa forma, as pessoas de Nadia deram a Gangadhara Bhatacharya o nome "Chaitanya Das". A fim de tomar darshan dos pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu, Chaitanya Das foi com sua esposa a Jaganatha Puri.
Quando Chaitanya Das finalmente chegou em Jaganatha Puri depois de täo longa jornada e conseguiu o darshan dos sagrados pés de Sri Chaitanya, Chaitanya Das e sua esposa chorando lágrimas de alegria, caíram perante o Senhor e ofereceram suas reverências. Sri Chaitanya chamou-os para perto de si e abençoou-os com Seu misericordioso olhar, dizendo as seguintes palavras doces: "Jaganatha está encantado por terem vindo. Väo tomar o darshan Dele. O Senhor de olhos de lótus está pronto a realizar seu desejo mais recôndito do coraçäo. O Senhor é supremamente misericordioso. A fim de receber a misericórdia Dele, vieram de longe, e Ele quer satisfazer o desejo de seus coraçöes. Väo agora e tomem darshan do Senhor Jaganatha."
Sri Chaitanya Dasa e sua esposa foram tomar darshan de Jaganatha. O servo pessoal do Senhor, Govinda, foi com eles. O bom brahmana e brahmani, ao verem o Senhor Jaganatha, choraram lágrimas de prema e ofereceram muitas oraçöes e hinos das escrituras do Senhor. Depois disso seguiram as orientaçöes do Senhor sobre aonde hospedarem-se, e foram até o local que Ele providenciara para a estadia deles. Durante alguns dias, Sri Chaitanya Das com grande alegria permaneceu em Jaganatha Puri.
Certo dia, por ser o Paramatma no coraçäo de todos e portanto saber tudo, Sri Chaitanya Mahaprabhu falou a Seu servo: "Govinda! O filho desejado pelo brahmana e sua esposa brevemente aparecerá. Srinivasa será seu nome, e será uma criança linda. Através de Sri Rupa e Sanatana manifestarei os bhakti-shastras. Através de Srinivasa, todos esses shastras seräo distribuídos. Que o brahmana e sua esposa rapidamente retornem a Gauda Desh." Recebendo as auspiciosas bençäos de Sri Chaitanya Mahaprabhu com grande êxtase, Sri Chaitanya Das retornou a Gauda Desh. Logo, no ventre da esposa brahmana de Chaitanya Das, foi concebida uma criança que encarnava a potência da misericórdia do Senhor. O nome do pai de Laksmipriya era Balaram Vipra. Ele era um pandit e astrólogo perito nos Jyoti Shastras. Conseguiu entender que do ventre de Laksmipriya uma grande alma, um mahapurush, logo iria nascer. O Bhakti Ratnakara registra que: "Naquela noite de lua cheia do mês de Vaishakha, na constelaçäo ou naksatra de Rohini, quando todas estrelas estavam alinhadas de forma auspiciosa, Laksmipriya deu a luz um menino." O brilho corpóreo do menino era refulgente como ouro derretido. Possuía um nariz longo, seus olhos alongavam-se até às orelhas, tinha um peito largo, e braços que se estendiam até os joelhos. Dessa forma, via-se que manifestava todos sintomas corpóreos de um mahapurush, ou grande alma.
Sri Chaitanya Das ofereceu o menino aos pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu. No início das festividades comemorando o nascimento do filho, os pais deram profusa caridade aos brahmanas e suas esposas. Todos brahmanas e suas esposas tiveram grande prazer ao segurar a criança recém-nascida. Finalmente, a própria Laksmipriya pegou a criança no colo e o Gaura-nam kirtana começou. Ensinaram o menino a cantar o Santo Nome de Gauranga. Assim como a lua cresce de um pequeno crescente à sua forma brilhante e cheia, assim o menino gradualmente crescia e se tornava mais brilhante a cada dia que passava. Gradualmente chegou a hora da cerimônia de cortar cabelo e do cordäo sagrado. Depois dessa época, ele foi a Sri Dhananjaya Vidyavacaspati, onde começou a estudar gramática, poesia, retórica, e shastra. Dentro de pouco tempo tornou-se bem versado em todas diferentes matérias que lhe ensinavam, e sua visäo das escrituras reveladas era extraordinária.
Quando era uma criança pequenina, Srinivasa recebeu a misericórdia de Sri Govinda Ghosh Thakura e Narahari Sarakara Thakura. Depois de algum tempo, o pai de Srinivasa faleceu. Ao falecer seu pai, Srinivasa sentiu-se devastado pela dor. Todos devotos esforçaram-se ao máximo para pacificá-lo, porém ele estava inconsolável ante a perda de seu pai. Täo desconsolado estava ele que näo permitia que nenhum alimento ou bebida entrasse por seus lábios, e dessa maneira jejuou algum tempo.
Despedindo-se dos devotos dali, Srinivas e sua mäe deixaram Chakhandi Gram, e após alguns dias, chegaram a Yajigram na casa de Sri Balaram Vipra, o avô materno de Srinivas. Ouvindo sobre a mudança de Srinivas para Yajigram, as pessoas santas que ali viviam ficaram muito contentes. Ao verem a profunda erudiçäo de bhakti-prema de Srinivas, todos pandits e brahmanas em Yajigrama ficaram maravilhados. Ainda assim, o anseio do coraçäo de Srinivassa estava insatisfeito. Ele só conseguia pensar dia e noite em ver os pés de lótus de Sri Chaitanya. Logo ele se tornou muito ansioso para ir a Jaganatha Puri.
Para tomar darshan dos sagrados pés de Sri Narahari Sarakara Thakura, Srinivasa foi a Sri Khanda. Chegando lá, caiu aos pés de lótus de Narahari com sua mente cheia do êxtase de amor por Deus e começou a rolar no chäo, com a voz estrangulada pela emoçäo. Vendo seu maravilhoso amor por Krishna, Narahari abraçou-o. Srinivasa estava absorto na lembrança do Santo Nome de Sri Gauranga e chorava lágrimas de alegria. Entäo fez com que Narahari soubesse que aspirava ir a Jaganatha Puri para ver os locais santos da lila de Sri Gauranga. Sri Narahari Sarakara Thakura, Raghunandana Thakura, e alguns dos outros devotos que ali estavam, ao ouvir a proposta dele ficaram muito contentes e disseram: "Espere aqui mais alguns dias. Logo muitos dos devotos de Bengala iräo a Puri. Entäo poderás ir junto na associaçäo deles."
Srinivasa deixou Sri Khanda e retornou a Yajigram, onde contou para sua mäe seus planos de fazer uma grande viagem a Jaganatha Puri com os devotos. Ao ouvir sobre os desejos de seu filho, e vendo que a mente dele estava determinada, ela deu-lhe suas bençäos. Alguns dias depois ele partiu para Puri na companhia dos devotos de Bengala. Completamente tomadospelo júbilo interno, gradualmente chegaram a Jaganatha Puri à tardinha. Naquela noite hospedaram-se na casa de um panda que vivia perto dos portöes Simhadvara. Na manhä seguinte Srinivasa foi à casa de Gadadhara Pandit. Ao ver o Pandit, Srinivasa caiu no solo ante seus pés de lótus com lágrimas em seus olhos. Gadadhara Pandit afetuosamente pegou-o e abraçou-o. Enquanto recebia o abraço de Sri Gadadhara Pandit, Srinivasa chorava em separaçäo de Sri Gauranga.
Após permanecer na casa de Gadadhara Pandit por um dia, Srinivasa foi receber o darshan de Ramananda Raya, Sarvabhauma Bhatacharya, Vakreshvara Pandit, Paramananda Puri, Shikhi Mahiti, Govinda, Shankara, e Gopinatha Acharya, bem como muitos outros que eram associados eternos de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Ao ver Srinivasa, todos esses devotos ficaram muito contentes. Ao ver o Gaura-prema sem precedentes de Srinivasa, os devotos conseguiam compreender que ele era Gaura-shakti, a energia do Senhor. Podiam entender que através dele a mensagem de Sri Chaitanya e das várias escrituras seria pregada. Sabendo disso, todos devotos internos de Sri Chaitanya deram diversas instruçöes importantes a Srinivasa. Dentro de poucos dias, tendo visitado todos mais importantes locais santos dos passatempos de Sri Chaitanya em Jaganatha Puri, Srinivasa despediu-se dos devotos dali para retornar a Bengala. Todos devotos abraçaram Srinivasa afetuosamente antes de sua partida. Após despedir-se de todos devotos, ele partiu pela estrada para Bengala. Quando já tinha andado pela estrada por algum tempo, ouviu que Sri Gadadhara desaparecera. Srinivasa afogou-se num oceano de separaçäo e começou a chorar e lamentar que dava pena! Naquela noite Sri Gadadhara veio-lhe num sonho e apaziguou-o. Depois disso, Srinivas novamente dirigiu-se a Bengala. No caminho ouviu notícias de que Sri Advaita Acharya e Sri Nityananda Prabhu haviam desaparecido. Srinivasa Acharya caiu no chäo, estarrecido. Ali passou a noite molhando o solo com suas lágrimas de tristeza em separaçäo. Naquela noite, por Sua misericórdia sem causa, Sri Nityananda e Sri Advaita apareceram a Srinivasa num sonho e apaziguaram-no. Gradualmente, Srinivasa chegou a Bengala.
Primeiro ele foi a Sri Khanda, onde ofereceu suas reverências aos sagrados pés de Sri Narahari Sarakara, Raghunandana Thakura e os outros devotos. Tendo conseguido suas bençäos, foi a Sri Mayapur em Navadwip. Ao ver a terra-natal sagrada de Sri Chaitanya, Srinivasa caiu ao solo com a voz embargada de êxtase. Na casa de Sriman Mahaprabhu ele achou Vamshivadananda Thakura. Srinivasa prestou suas reverências aos pés de lótus de Vamshivadananda. Quando ficou sabendo quem ele era, ficou muito contente. Srinivasa gritou alto o Santo Nome de Sri Chaitanya. Srinivasa orou para obter o darshan dos pés de lótus de Sri Vishnupriya Devi. Na ocasiäo, Sri Vishnupriya näo lhe concedeu o darshan. Quando Vamshivadananda informou Sri Vishnupriya sobre o intenso desejo de Srinivasa por obter o darshan dela, e solicitou repetidamente que ela se encontrasse com ele, ela assentiu e deu ordem para que Vamshivadananda Thakura trouxesse Srinivasa até ela.
Ao vê-la, Srinivasa caiu ao solo com lágrimas de prema, prestando reverências prostradas. Sri Vishnupriya Thakurani deu suas bençäos a Srinivasa, e disse-lhe que ficasse e tomasse prasada.
Devido à separaçäo de Sri Gauranga, Sri Vishnupriya Thakurani tornara-se magra como a lua minguante de Krishna Chaturdasi, quando mal se percebe o esguio crescente lunar, pouco antes da lua nova. Sua prática consistia em separar um gräo de arroz para cada rosário de mantras Hare Krishna que cantava. Ao final do dia ela cozinhava esse arroz que separara e oferecia para a deidade de Mahaprabhu. Entäo ela aceitava apenas o suficiente para manter seu corpo e alma ligados. Em Navadwip, Srinivasa tomou darshan de muitos Vaisnavas inclusive Sri Murari Gupta, Srivasa Pandit, Damodara Pandit, Sri Sanjaya, Shuklambara Brahmachari, e Gadadhara Das.
Após permanecer alguns dias em Navadwip Dham, ele foi a Shantipura para a casa de Sri Advaita Acharya e tomou darshan dos santos pés de Sri Sita Thakurani, a eterna esposa de Sri Advaita Acharya. Sita Thakurani, devido à separaçäo de Sri Chaitanya Mahaprabhu, mal mantinha seu corpo e alma ligados. Ela deu suas bençäos a Srinivasa. Ele visitou muitos outros devotos em Shantipura e ofereceu seus respeitos e oraçöes a eles. Gradualmente dali ele foi para Khadadoha.
Em Khadadoha, na casa de Sri Nityananda Prabhu estava hospedado Sri Parameshvari Thakura. Ele trouxe Srinivasa perante Sri Vasudha e Sri Jahnava, as esposas de Nityananda, e Sri Birchandra, filho de Nityananda. Srinivasa, com lágrimas de prema em seus olhos, prestou seus dandavat pranams perante essas grandes almas e, enquanto assim fazia, Sri Jahnava colocou seus pés de lótus em sua cabeça e abençoou-o com a poeira de seus pés de lótus. Todos eram muito afetuosos para com Srinivasa. Dessa maneira ele passou alguns dias em Khadadoha. Finalmente Sri Jahnava Mata ordenou que ele fosse para Vrindavana Dham. Aceitando sua ordem sobre sua cabeça, ele visitou Khanakula, onde foi à casa de Abhirama Gopala. Depois de oferecer seus respeitos a Abhiram Gopal Thakura, este deu três golpes em Srinivasa com seu rebenque chamado Jaya-mangal, ou "Vitória da auspiciosidade". Sua esposa Sri Malini Devi, ficou irada e proibiu que continuasse, por compaixäo por Srinivas. Ela segurou a mäo de seu marido e forçou-o a parar de açoitar Srinivas. Ao ser açoitado pelo rebenque transcendental de um devoto puro, o corpo de Srinivasa ficou tomado do êxtase de Krishna-prema. Srinivas humildemente ofereceu suas oraçöes a Abhiram Gopala e suplicou por suas bençäos para retornar a Sri Khanda.
Em Sri Khanda, ao ver novamente Narahari Sarakara Thakura e Raghunandana Thakura, Srinivasa ficou muito feliz. Finalmente retornou para casa em Yajigrama e quando chegou novamente ao próprio lar, novamente prestou reverências aos pés de lótus de sua mäe. Entäo contou a ela sobre a ordem que recebera de Sri Jahnava Devi para ir a Vrindavana, e orou por suas bençäos para ir até lá. Sua mäe deu suas bençäos com grande prazer. Srinivasa logo partiu para Vrindavana. No caminho ele parou em Gaya e tomou darshan dos pés de lótus da deidade de Vishnu no local onde Mahaprabhu encontrou Isvara Puri e tomou iniciaçäo dele.
Após ficar em Gaya por dois ou três dias, ele chegou a Kashi e à casa de Chandrashekhara. Também encontrou com muitos outros devotos ali. Ao ouvir diretamente de Tapana Mishra e Chandrashekhara sobre os diferentes passatempos que Mahaprabhu realizara enquanto estivera em Kashi, Srinivasa nadava no oceano de néctar. Depois de alguns dias ele deixou Kashi.
Brevemente chegou a Mathura. Tomou banho no Vishrama Ghat. Foi no Vishrama Ghata que Sri Krishna descansou após matar o demoníaco Rei Kamsa. E por essa razäo chama-se Vishrama Ghata, ou "Local de Descanso". Srinivasa visitou o sagrado local de nascimento de Krishna e tomou darshan da Deidade Adikeshava e entäo virou em direçäo de Vrindavana. No caminho para Vrindavana, ele encontrou com muitos brahmanas residentes de Vrindavana, que lhe disseram que Raghunatha Bhata Goswami e outros grandes devotos acabavam de falecer. Ao ouvir isso, ficou muito triste. Começou a chorar e caiu no chäo, em agonia de separaçäo. Os brahmanas que estavam com ele de alguma maneira ajudaram-no a chegar ao local onde estava Srila Jiva Goswami. Sri Jiva Goswami ouvira falar de Srinivasa. Srinivasa ofereceu seus respeitos aos pés de lótus de Sri Jiva Goswami, que o abraçou com grande afeiçäo. Depois disso, ambos tinham muito a dizer. Srila Jiva Goswami, que era de Bengala, queria saber notícias sobre o bem-estar de diferentes Gaudiya Vaisnavas, e depois que se falaram por algum tempo, Jiva Goswami arranjou prasada e um local para Srinivasa ficar.
Naquele dia, Krishna Pandit, o servo da Deidade de Govinda, trouxe prasada para Srinivasa. Srinivasa tomou prasada com o próprio Jiva Goswami. Foi na tarde do dia de lua cheia do mês de Vaishakha que Srinivasa chegou em Vrindavana, no local de Jiva Goswami. Na manhä seguinte ele foi com Jiva Goswami e tomou darshan das Deidades Radha Raman. Também viram Gopal Bhata Goswami. Gopal Bhata Goswami ficou muito contente por ver Srinivasa. Srinivasa ofereceu seus respeitos aos pés de lótus de Gopal Bhata Goswami com grande humildade e suplicou-lhe que o iniciasse no divino mantra. Gopal Bhata Goswami com grande alegria concordou em iniciá-lo. No dia seguinte, no templo de Sri Radha-Raman, Sri Gopal Bhata Goswami deu mantra diksha a Srinivasa. Um dia após ser iniciado, Srinivasa foi ao Radha-Kunda onde Raghunatha Das Goswami costumava ficar. Ali ele encontrou Krishna Das Kaviraja Goswami, Raghava Pandit, e muitos outros grandes devotos e ofereceu seus respeitos a todos eles. Durante três dias ele ficou no Radha-Kunda e recebeu muitas instruçöes dessas grandes almas sobre bhajans. Tendo recebido as bençäos de todos devotos ali no Radha-Kunda, Srinivasa novamente retornou a Vrindavana para o refúgio dos pés de lótus de Sri Jiva Goswami.
Por fim, Sri Jiva Goswami ensinou o Srimad-Bhagavatam e as escrituras dos Goswamis a Srinivasa. Dentro de pouco tempo Srinivasa conhecia de cor todos sidhantas da literatura dos Goswamis. Devido a sua extrema perícia na filosofia, Jiva Goswami deu-lhe o título de "Acharya". A partir daquele dia em diante ele se tornou famoso entre os Gaudiya Vaisnavas como Srinivasa Acharya.
Srinivasa Acharya ouvira anteriormente sobre Narotama Thakura, porém no ashram de Jiva Goswami acabou encontrando-o pessoalmente. Desde seu primeiro encontro, Srinivasa e Narotama tornaram-se amigos por toda vida. Jiva Goswami ordenou que ambos vagassem pela floresta de Vrindavana com Raghava Goswami. Com a ordem do guru deles passaram a realizar a jornada pelas florestas de Vrindavana. Sri Raghava Pandit era um brahmana do sul da India, e era unicamente devotado a Sri Gaurasundara e muito querido Deste. Srimad Kavi Karnapura aponta em seu Gaura-ganodesha-dipika: "Aquela pessoa que certa vez foi a querida gopi amiga de Radharani e cujo nome era Champakalata, mais tarde apareceu como Sri Raghava Goswami e viveu em Govardhan onde adorava a Deidade de Giridhari em grande êxtase.
Sri Narahari Chakravarti dedica cinco capítulos de seu Bhakti-ratnakara discutindo em grande detalhe como Srinivasa e Narotama junto com Raghava Goswami vagaram através dos 64 kroshas de Mathura Mandala.
Após vagar através das doze florestas de Vrindavan por algum tempo, eles novamente retornaram para Jiva Goswami. Nessa época, Dukhi Krishna Das (Shyamananda Prabhu), acabava de chegar de Gauda-desha. Sri Jiva Goswami ao vê-lo ficou muito contente. Dukhi Krishnadas era o querido discípulo de Sri Hridaya Chaitanya Prabhu. O próprio Sri Hriday Chaitanya Prabhu enviara Dukhi Krishna Das para estudar na escola de Jiva Goswami. Jiva Goswami indagou sobre as notícias dos devotos de Bengala e de Utkala, perguntando sobre o bem-estar de cada um deles.
Depois disso, Dukhi Krishna Das foi apresentado a Srinivas e Narotama. Os três tinham sido ornamentados com todas boas qualidades e logo iniciaram uma amizade que iria durar pelo resto de suas vidas. Os três cultivaram uma profunda compreensäo das escrituras dos Goswamis, estudando-as aos pés de lótus de Srila Jiva Goswami. Dessa forma eles ficaram com Rupa Goswami que ensinou tudo àqueles fieis e queridos discípulos dele, até que a compreensäo deles fosse perfeita.
Naquela época, os Goswamis de Vrindavana decidiram enviar Narotama, Srinivasa, e Shyamananda a Bengala para divulgar as escrituras dos Goswamis e pregar. Os três eram extremamente renunciados e altamente versados nas conclusöes das escrituras bhakti-rasa. Depois disso, os três foram chamados perante os Goswamis, que esclareceram seu desejo que as escrituras fossem pregadas. Os três concordaram com grande entusiasmo em realizar a tarefa que lhes fora ordenada. Ficou decidido que os três partiriam num dia auspicioso. Escolheram o dia de Shukla-paksha do mês de Agrahayana.
Depois disso, primeiro ofereceram suas respeitosas reverências às três principais deidades de Vrindavan, Sri Govinda, Gopinatha, e Madana Mohan, e entäo estas três grandes almas, Shyamananda Prabhu, Narotama Thakura, e Srinivasa Acharya, foram enviadas por Jiva Goswami com as escrituras dos Goswamis para Bengala. Os livros foram cuidadosamente embalados numa arca e carregados num carro de boi. Dessa forma partiram com o carro de bois na estrada para Mathura, a caminho de Bengala. Era umalonga viagem, e eles se moviam de vilarejo em vilarejo, parando à noite num deles, e ali realizavam sankirtan e pregavam, tomavam prasada e descansavam. Gradualmente o carro de bois chegou em Vanavishnupura.
Vanavishnupura era a sede do Rei Birhambir, líder dos dacoítas, seita de ladröes da India. Um de seus ladröes informou que muitas pessoas estavam se movendo pela estrada com uma arca cheia de jóias carregada por um carro de bois que se dirigia rumo a Bengala. Reportou que acabavam de entrar em Vanavishnupura. O rei instruiu seus homens para que roubassem a arca de jóias do carro de bois. Os devotos finalmente chegaram a Vanavishnupura bem na hora em que o sol se punha. Após conferenciarem entre si, decidiram ficarem por ali aquela noite, e descansar às margens de um sarovara no vilarejo. Como muitas pessoas viviam ali perto, poderiam pedir que algumas tomassem conta do carro de bois e assegurar que nada fosse roubado. De fato, ao verem a refulgência desses Vaisnavas, e após ouvirem seus bhajans e kirtan, todo povo do vilarejo ficou maravilhado.
O Rei Birhambir repetidamente enviou diversos ladröes para obter notícias de seus movimentos. E aconteceu pela vontade da providência que após muitos dias, a meta de sua mente acabou se realizando. Certa noite especialmente obscura, os devotos estavam dormindo pacificamente às margens dum rio após tomar prasada, tendo deixado todas escrituras dos Goswamis dentro da arca no carro de bois. Estavam profundamente adormecidos. Nessa hora, vieram os ladröes e cuidadosamente roubaram a arca de livros e correram embora. Levaram a arca ao Rei Birhambir, conforme este ordenara. Quando o Rei viu a arca, pensou: "Jóias! Tesouros!" Sua mente se entregou ao júbilo. Chamando os ladröes perante si, recompensou-os com novas roupas e ornamentos e parabenizou-os pelo bom trabalho.
O Rei considerou: "Esta arca certamente veio do ocidente. Após muitos dias, finalmente obtive grande fortuna." Dessa forma, sua alegria näo tinha limites. Tinham dito que umas jóias valiosas estavam dentro da arca, e assim ele a queria. O Rei Birhambir possuía um astrólogo em sua corte, que lhe dissera que o que estava dentro da arca näo tinha preço.
Dessa forma, quando os devotos acordaram na manhä seguinte, viram que a arca contendo as escrituras dos Goswamis näo estava mais na carroça de bois. Sentiram-se como se tivessem sido acertados por um raio em suas cabeças. Começaram a procurar nas redondezas e perguntavam a todos. Porém ninguém sabia de nada. Näo encontraram nada. Os três ficaram próximos da morte devido à depressäo. Algum tempo depois, quando estavam mais calmos, disseram: "Quem pode entender a vontade de Govindadev? Quando embarcamos nessa jornada recebemos Suas bençäos. Foi por Sua vontade que todas escrituras dos Goswamis foram colocadas numa só arca." Dessa maneira os devotos falavam contemplativamente sobre o significado da tragédia que se abatera sobre eles. Lembraram que certa vez ouviram os Goswamis falar que Vanavishnupura tinha um rei que era líder de uma gangue de dacoítas. Esse rei era famoso por roubar toda sorte de coisas valiosas dos peregrinos que passavam pela estrada.
Nessa noite, o rei abriu a arca contendo as escrituras dos Goswamis. Após abrir a caixa, removeu o pano que encobria o conteúdo. Ali ele viu os livros queridos dos Goswamis. Abriu um dos livros e viu o nome "Sri Rupa Goswami" escrito na folha de palmeira. Quando viu a escrita infalivelmente bela de Sri Rupa Goswami, todos pecados que acumulara por toda sua vida de crimes imediatamente voaram para longe. Seu coraçäo foi purificado. De seu coraçäo puro surgiu o divino enlevo de Krishna-prema. Recolocando cuidadosamente as escrituras dos Goswamis na arca, o Rei retirou-se para se deitar naquela noite. Enquanto descansava, teve um sonho inusitado. Em seu sonho viu uma pessoa linda, cujo corpo brilhava com uma refulgência luminosa como uma montanha dourada. Seu sorriso era como a lua. Aí essa pessoa falou, dizendo-lhe: "Näo te preocupes. Logo virei e nos encontraremos. Nessa hora tua felicidade será incessante. Vida após vida serás meu servo eterno."
Quando o rei viu as escrituras na arca, imediatamente começou a se preocupar, pensando consigo mesmo: "A perda dessas escrituras sagradas certamente está causando problemas a alguém, em algum lugar. Isto será causa de grande ansiedade para mim." Em seu sonho a divina pessoa dissera: "ó Rei, näo te preocupes. A fim de recuperar o tesouro dessas escrituras brevemente virei encontrar-me contigo. Vida após vida serás meu servo eterno."
Os três devotos decidiram que Sri Narotama Thakura deveria ir a Kheturi Gram, Sri Shyamananda Prabhu deveria ir a Ambika Kalna, onde iria ao palácio do rei e recuperaria as escrituras dos Goswamis. Um brahmana residente de Vishnupura chamado Sri Krishna Valabha ficou fascinado ao ver Srinivasa Acharya e trouxe Srinivasa Acharya para sua própria casa onde adorou o Acharya apropriadamente com o devido respeito. Afinal, o Acharya iniciou-o no divino mantra. Havia outros presentes ali, que reconheceram Srinivasa Acharya como seu guru e aceitaram inciaçäo dele.
O Rei Birhambir sempre ouvia o Bhagavatam. Ao saber disso, Srinivasa Acharya queria ir ao palácio do rei e dar uma palestra sobre o Bhagavatam. Sugeriu essa proposta a Sri Krishna Valabha. Sri Krishna Valabha disse-lhe que o rei tinha muita fé no Bhagavata e nos sadhus. Disse: "Vamos ao palácio do rei hoje mesmo." Ao ouvir isso, Srinivasa Acharya rapidamente foi com Krishna Valabha ao palácio do rei. Quando Raja Birhambir viu a brilhante refulgência de Srinivasa Acharya, caiu ao solo oferecendo suas reverências prostradas. Na ocasiäo, ofereceu a Srinivasa um assento elevado, e guirlandas de flores fragantes. Depois disso, Srinivasa Acharya entoou as oraçöes guru-vandana a seu mestre espiritual numa doce voz, e começou sua explicaçäo do Srimad-Bhagavatam. Seu recital dos versos foi maravilhoso, e suas explicaçöes eram mais maravilhosas ainda. Após ouvir sua explicaçäo, toda a assembléia, incluindo o rei, derreteu-se em krishna-prema.
É dito que "só de ver um grande Vaisnava já se é purificado". O grande líder dacoíta foi purificado simplesmente por ver Srinivasa Acharya. Depois que Srinivasa Acharya terminou suas explicaçöes do Srimad Bhagavatam, principiou o sankirtan do Santo Nome e, após algum tempo, ele começou a dançar no kirtan. Depois de algum tempo, Raja Birhambir, com uma palha entre os dentes, caiu perante os pés de lótus de Srinivasa Acharya e ofereceu suas reverências prostradas num humor de grande humildade, suplicando-lhe por sua misericórdia repetidamente. Srinivasa Acharya pegou-o e abraçou-o cordialmente. Disse-lhe que brevemente, o próprio Sri Gauranga concederia Sua misericórdia a Raja Birhambir. Depois disso o rei trouxe a arca com as escrituras dos Goswamis e ofereceu-as a Srinivasa Acharya.
Srinivasa Acharya podia entender o significado da "doce misericórdia sem limites" de Sri Gaurasundara. Pode-se ver Sua vontade manifesta em tudo que acontece. Srinivasa Acharya deu suas bençäos ao rei. Notícias disso tudo logo chegaram a Sri Jiva Goswami em Vrindavana. Ouvindo notícias de tudo que transpirara, Jiva Goswami e os outros Goswamis ficaram muito felizes e acharam as atividades de Srinivasa Acharya maravilhosas.
Despedindo-se do rei, Srinivasa Acharya levou a arca de livros até Yajigram e contou a todos devotos dali o que ocorrera. Ouvindo tudo de Srinivasa, os devotos ficaram muito contentes. Na ocasiäo ele soube do falecimento de Sri Vishnupriya Thakurani em Navadwipa. Em grande infortúnio e desespero, Srinivasa Acharya desmaiou. Os devotos todos fizeram o melhor que podiam para reanimar e consolar Srinivasa, e após algum tempo voltaram-lhe os sentidos. Nesse momento chegou uma mensagem de Sri Raghunandana em Sri Khanda, convidando Srinivasa Acharya para vir até lá. Sem demora, Srinivasa partiu para Sri Khanda. Quando Narahari Sarakara Thakura, Raghunandan Thakura e todos outros associados eternos de Sri Chaitanya em Sri Khanda viram Srinivasa Acharya ficaram muito felizes. Srinivasa ofereceu seus respeitos a todos eles e trouxe as notícias sobre os Goswamis em Vrindavana.
Naquela ocasiäo, Sri Narahari Sarakara Thakura contou a Srinivasa Acharya que era desejo da mäe dele que Srinivasa casasse. Ele disse: "Sua mäe é uma grande devota. Durante muito tempo ela prestou serviço em Yajigrama. O que ela mandar você deve fazer. É desejo dela, como era de seu pai, que você case." Sem ter de ouvir a ordem de sua mäe nem mais uma vez, Srinivasa aceitou a em sua cabeça. Após ficar mais alguns dias em Sri Khanda, ele foi a Kanthak Nagara visitar a casa de Gadadhara Dasa Thakura e tomar darshan dele.
Depois de oferecer seus respeitos a Gadadhara Das Thakura, este o abraçou afetuosamente. Gadadhara Dasa queria ouvir de Srinivasa sobre todos devotos em Vrindavana, especialmente os Goswamis. Ele estava curioso para saber dele tudo sobre o bem-estar desses devotos que Srinivasa vira em sua longa viagem. Após ouvir tudo dele, Gadadhara ficou muito contente. O Acharya passou mais alguns dias com Gadadhara Das e entäo despediu-se dele. Na hora de Srinivasa partir, Gadadhara Dasa abençoou-o dizendo: "Um dia certamente saborearás o néctar do sankirtan do próprio Senhor, rodeado de Seus associados pessoais. Tens minhas bençäos para ir e casar. Que lhe traga auspiciosidade."
Aceitando as bençäos e instruçöes de Sri Gadadhara Das, Srinivasa Acharya retornou a Yajigrama. Naquela época em Yajigrama, Raghunandana Thakura acabava de chegar, para satisfaçäo de todos. Em Yajigrama vivia um devoto brahmana chamado Gopal Chakravarti. Ele tinha uma filha linda e devotada chamada Draupadi. Sri Raghunandana Thakura realizou o arranjo para que ela fosse unida a Srinivasa Acharya num sagrado matrimônio. No dia de akshaya triti do mês de Vaishakha, realizou-se o casamento. O nome anterior da esposa do Acharya era Draupadi, porém depois do casamento seu nome passou a ser Ishvari. Anteriormente Sri Gopal Chakravarti tinha tomado iniciaçäo mantrica de Srinivasa Acharya. Gopal Chakravarti tinha dois filhos chamados Shyama Dasa e Ramachandra. Eles tomaram iniciaçäo de Srinivasa Acharya também. Sri Narahari Sarakara Thakura, ao ouvir notícias sobre o casamento de Srinivas Acharya ficou muito contente.
Com o tempo, Srinivasa Acharya começou a instruir seus discípulos nas escrituras dos Goswamis. Os filhos de Dvija Haridas, Sridas e Sri Gokulananda também tomaram iniciaçäo de Srinivasa Acharya e começaram a estudar as escrituras dos Goswamis sob sua orientaçäo. Gradualmente a influência de Srinivasa Acharya começou a se espalhar. Dentro de pouco tempo, muitas almas sinceras e fiéis vieram a ele para refugiarem-se em seus pés de lótus.
Srinivasa Acharya encontra Ramachandra Kaviraja
Certo dia Srinivasa Acharya estava em Yajigrama em sua própria casa, onde muitos devotos estavam reunidos para ouví-lo palestrar sobre o Srimad-Bhagavatam. Na ocasiäo, Ramachandra Kaviraja, filho de Chiranjiva Sen (um dos associados eternos de Mahaprabhu) estava passando perto da casa de Srinivasa Acharya. Ele acabava de se casar e vinha voltando do casamento com sua noiva. De longe Srinivasa Acharya enxergou Ramachandra Kaviraja, e este também viu Srinivasa Acharya à distância. Ao se verem à distância, um profundo humor de amizade brotou dentro do coraçäo desses dois devotos eternamente perfeitos de Sri Gauranga. Depois de se verem, ficaram ansiosos por encontrarem-se. Srinivasa Acharya ouvira sobre Ramachandra Kaviraja pelas pessoas do local. E Ramachandra Kaviraja ouvira sobre Srinivassa Acharya. Dessa forma eles se encontraram e foram apresentados por algumas pessoas do local.
Sri Ramachandra e sua nova esposa vieram à casa de Srinivasa Acharya. Como o dia passou rapidamente! Passaram a noite onde estavam hospedados desde que tinham chegado a Yajigrama, na casa de um brahmana perto do lar de Srinivasa Acharya, e na manhä seguinte foram ver Srinivasa Acharya e caíram diante de seus pés oferecendo reverências prostradas. O Acharya pediu que Ramachandra Kaviraja se levantasse do chäo e o abraçou cordialmente, dizendo: "Vida após vida foste meu amigo. A providência nos reuniu novamente hoje arranjando nosso encontro." Ambos sentiram grande felicidade como resultado do encontro. Vendo que Ramachandra possuía inteligência transcendental aguda e profundamente erudita, Srinivasa ficou muito contente. Começou a fazê-lo ouvir as escrituras dos Goswamis. Após alguns dias o Acharya iniciou-o no divino mantra Radha-Krishna.
Depois de algum tempo, Srinivasa Acharya novamente partiu para Vrindavana. Junto com ele íam muitos outros devotos que também desejavam ir a Vrindavana. Seguiam o caminho que o Acharya tomara anteriormente, e depois de algum tempo andando e andando, finalmente chegaram a Gaya Dham, onde tomaram darshan dos pés de lótus da Deidade de Vishnu. Depois disso foram a Kashi. Ali Srinivasa recebeu darshan de Sri Chandrashekara e dos outros devotos de Kashi, os quais estavam todos muitos contentes por ver Srinivasa e que o abraçaram com grande afeiçäo.
Srinivasa ficou em Kashi por dois ou três dias e entäo partiu para Mathura. Ao entrar em Mathura, ele novamente se banhou no Vishrama Ghata. Depois disso, foi ao local sagrado do advento de Krishna nesse mundo e ali viu a Deidade de Adi Keshava. Logo após, ele deixou Mathura para ir a Vrindavana. Brevemente, chegou em Vrindavana. Ali, Sri Jiva Goswami já o esperava, Srinivasa foi até Sri Jiva Goswami e ofereceu-lhe suas respeitosas reverências, e Sri Jiva Goswami fê-lo levantar e entäo abraçou-o cordialmente. Indagou sobre notícias dos Gaudiya Vaisnavas de Bengala, que näo via há muito tempo. Justo nesse momento, também chegava a Vrindavana vindo de Puri, Shyamananda Prabhu. Ele ofereceu seus respeitos a Sri Jiva, que o abraçou e pediu notícias dos devotos de Puri. Depois disso, Srinivasa e Shyamananda foram reunidos. Ofereceram-se reverências e se abraçaram e ficaram muito contentes por se reverem. Entäo chegou a notícia que Dvija Haridasa acabava de falecer e eles ficaram muito infelizes. Ficaram em Vrindavana com Jiva Goswami, que lhes ensinou diversos sidhantas, conclusöes devocionais, a partir de um livro que acabava de completar, o Sat Sandarbha: Seis Tratados. Nessa época Jiva Goswami também começara a trabalhar num livro chamado Gopal Champu. Ele leu a invocaçäo ou mangalacaranam desse livro para Srinivasa e Shyamananda.
Srinivasa Acharya ficou em Vrindavana com Sri Jiva Goswami associando-se com os outros Goswamis durante alguns meses, em grande felicidade. Depois de algum tempo, ele mandou um recado a Gauda Desh, para que Ramchandra Kaviraj viesse até Vrindavana. Alguns devotos bengaleses que estavam em Vrindavana levaram a mensagem a Ramchandra. Quando este chegou, apresentou-se a Sri Jiva Goswami. Ramchandra ofereceu plenas reverências a Sri Jiva, que o colocou de pé e abraçou. Jiva Goswami ordenou que visitasse as deidades importantes em Vrindavana, a começar por Radharamana, Govinda, e Gopinatha e que tomasse darshan dos pés de lótus dos Goswamis. Junto com Shyamananda e Srinivasa, Ramchandra fez o que fora ordenado, e os três tomaram darshan das deidades e santos de Vrindavana. Vendo a extrema humildade devocional e outras boas qualidades de Ramchandra Kaviraja, os Goswamis de Vrindavan ficaram muito satisfeitos.
Srimad Jiva Goswami entäo ordenou que Ramchandra fosse tomar darshan das diferentes florestas de Vrindavana. Depois que vira tudo, foi ao Radha-kunda e tomou darshan dos pés de lótus de Raghunath Das Goswami e de Krishna Das Kaviraja Goswami. Depois, por ordem de Sri Jiva Goswami, Srinivasa Acharya e Shyamananda Prabhu partiram para Gaudadesh.
Gradualmente chegaram a Vanavishnupura. Quando ali chegaram, o Rei Birhambir ficou täo feliz por ver Srinivasa Acharya que começou a dançar. Depois disso o rei cuidadosamente adorou Srinivasa Acharya conforme as regras de adoraçäo ao guru, e entäo ofereceu-lhe saborosos alimentos, após o que organizou um grande festival no palácio real. Vendo a bhakti do rei, Shyamananda ficou maravilhado. Nessa época, Srinivasa Acharya iniciou o rei no Radha-Krishna mantra. O nome do rei tornou-se Sri Chaitanya Dasa. O filho do rei, Darhihambir, também tomou iniciaçäo e seu nome passou a ser Sri Gopal Dasa. Pela graça de Srinivasa Acharya, o rei providenciou a instalaçäo de uma deidade, Sri Kalachand. Srinivasa Acharya, com sua própria mäo, instalou as deidades, realizando a cerimônia abhishek e puja bem como todos outros rituais apropriados. Após permanecer ali por algum tempo, Sri Shyamananda Prabhu partiu para Puri. Srinivasa Acharya foi-se para Yajigrama.
Naquela época, o rei de Shikhareshvara, Sri Narinarayana Dev convidou Srinivasa Acharya à sua própria casa. Os associados eternos de Srinivasa Acharya organizaram uma recepçäo triunfal para Srinivasa Acharya ali. O Acharya ficou lá alguns dias e falou Bhagavata-katha que fluía docemente como a corrente do Ganges. Muitas pessoas ali alcançaram a misericórdia de Srinivasa Acharya.
Após passar alguns dias na terra de Shikheshvara, Srinivasa chegou em Sri Khanda, e ali ouviu que no dia de Krishna Ekadasi do mês de Agrahayana, Sri Narahari Sarakara Thakura entrou nos passatempos imanifestos do Senhor, deixando este mundo temporário. Ao ouvir sobre isso, ele caiu no chäo, inconsciente. Em grande lamentaçäo, chorou um rio de lágrimas. Na dor da separaçäo, ele näo conseguia se conter. Sri Raghunandana Thakura sentiu-se perdido em meio ao sofrimento. Ao ver Srinivasa, ficou um pouco apaziguado. Durante alguns dias Srinivasa ficou em Sri Khanda, antes de continuar para Kanthak Nagara. Lá chegando, ouviu que no mês de Kartika, Gadadhara Das falecera. Varado pela agonia da separaçäo, Srinivasa sentia que sua vida tinha se esvaído. Em grande sofrimento, de algum modo refez-se e retornou a Yajigrama. Ali, quando voltou a sua própria casa, convidou todos devotos para um grande festival.
Algum tempo depois, no Krishna Ekadasi do mês de Magh, realizaram um festival em honra ao desaparecimento de Dvija Haridasa em Kanchangari Nagara. Para participar do festival, Srinivasa foi a Kanchangari Nagara. Nesse festival havia uma grande multidäo. Foi no dia do festival, que os filhos de Dvija Haridas (Sri Dasa e Sri Gokulananda) tomaram iniciaçäo de Srinivasa Acharya. Depois de ficar por ali alguns dias, Srinivasa partiu a caminho de Kheturi Gram. Ali, no dia de Phalguna Purnima, dia do advento de Mahaprabhu, iria se realizar um grande festival. O festival seria organizado pelo Rei Santosh Duta. Ele era filho do irmäo de Narotam, bem como discípulo de Narotam. Para esse festival, a própria Jahnava Devi, esposa do Senhor Nityananda, viera. Junto com ela vieram Sri Nidhi, Sri Pati, Sri Krishna Mishra, Sri Gokula, Sri Raghunandana, e muitos outros associados eternos de Mahaprabhu.
Srinivasa Acharya realizou a cerimônia de abhisheka e o puja para a instalaçäo da deidade. Quando veio o dia da lua cheia do mês de Phalguna, começaram o grande festival de Hari Kirtana cantando o Santo Nome o dia inteiro. Cantaram dia e noite, e no meio desse grande kirtana Chaitanya Mahaprabhu junto com Seus associados eternos apareceram diante dos devotos e revelaram-se à visäo de todos. No dia seguinte ao festival, um houve um grande banquete.
O nome das deidades era Sri Gauranga, Sri Valabhikanta, Sri Vrajamohana, Sri Krishna, Sri Radha Kanta, Sri Radharaman. A instalaçäo dessas seis deidades foi um grande festival. O mundo nunca vira um festival Vaisnava täo grandioso. Na conclusäo do festival, Raja Santosh Datta distribuiu belos tecidos e ornamentos para todos devotos. Os devotos por sua vez, cumularam o rei de bençäos auspiciosas.
Depois do festival, Srinivasa Acharya e Shyamananda Prabhu voltaram a Yajigrama. Muitos Vaisnavas foram junto com eles, e quando chegaram à casa de Srinivasa começaram um festival ali. Depois de alguns dias, Narotama Thakura chegou por ali. Depois que os três passaram algum tempo juntos em Yajigrama trocando realizaçöes, Shyamananda Prabhu dirigiu-se a Utkaladesh. Srinivas, Narotama, e Ramchandra Kaviraja partiram para Navadwipa. Quando chegaram à casa de Sri Gauranga em Mayapura/Navadwipa, encontraram o idoso servo do Senhor,Ishan Thakura, e prestaram suas reverências a seus pés de lótus, prostrando-se como varas. Todos apresentaram-se a Ishan e quando este descobriu quem eram, abraçou todos no êxtase de prema.
Nessa época Ishan Thakura era o único a permanecer na casa de Sriman Mahaprabhu. No dia seguinte, Ishan levou-os em parikrama, e juntos os três viram todos locais sagrados de Navadwipa. Conforme eram levados de local em local, ficaram muito felizes ao ouvir de Ishan os diferentes passatempos do Senhor realizados em Navadwipa. Depois que ele lhes mostrara os locais sagrados, novamente ofereceram-lhe seus respeitos e, pedindo permissäo para partir, dirigiram-se a Sri Khanda. Logo depois disso, Sri Ishan Thakura desapareceu desse mundo e entrou nos passatempos imanifestos do Senhor. Dessa maneira, todos associados eternos do Senhor em Navadwipa e Mayapura gradualmente desapareceram desta terra e entraram na lila imanifesta do Senhor.
Certo dia, Raghunandana Thakura queria que Srinivasa viesse para uma visita, portanto enviou um devoto levando essa mensagem a Yajigrama. Srinivasa Acharya .....
(ESTE PEDAÇO ESTA FALTANDO - É PAGINA 202. A PRóXIMA COMEÇA COM:
Chakravarti with folded hands stood before him. Understanding his desire, etc.)
Chakravarti de mäos postas estava de pé diante dele. Entendendo seu desejo, Srinivasa Acharya sorriu ligeiramente. Ele ofereceu um assento a Raghava Chakravarti e indagou sobre a razäo da visita deste. Após permanecer silencioso durante algum tempo, o brahmana finalmente falou, dizendo: "Vim aqui submeter uma sugestäo a seus pés de lótus, porém näo consigo encontrar a audácia para expressá-la, por respeito a Vossa Reverência. Se puder assegurar-me que nada tenho a temer ao falar, direi por que vim." O Acharya disse: "Näo há nada a temer. Por favor diga o que pensa." Entäo o brahmana ofereceu a Srinivasa Acharya a mäo de sua filha em casamento. Ao ouvir isto, o Acharya sorriu ligeiramente. Ao ouvirem tudo isso, os devotos ali presentes ficaram muito contentes. Finalmente Srinivasa Acharya concordou em casar-se com a filha de Raghava Chakravarti.
Com grande pompa, Maharaja Birhambir fez os arranjos para o casamento de Srinivasa Acharya. Quando os astros estavam auspiciosos, Sri Raghava Chakravarti, tendo ornado sua filha com belas vestimentas e ornamentos, veio até Srinivasa Acharya e ofereceu-lhe a mäo de sua filha. Após casar-se com Srimati Gauranga Priya, Srinivasa Acharya retornou com sua nova esposa a Yajigrama. Exatamente nessa época a divina energia de Nityananda - Sri Jahnava Devi - justamente chegava à casa de Srinivasa Acharya, tendo retornado de uma peregrinaçäo a Vrindavana. Ao vê-la, a felicidade do Acharya näo conhecia limites. Com grande respeito ele tomou a poeira de seus pés de lótus, ofereceu-lhe o assento de honra e, após adorá-la, pediu que sua nova esposa, Gauranga Priya, oferecesse seus respeitos e oraçöes aos pés de lótus de Jahnava Mata.
Quando Sri Jahnava Mata, que é conhecida como Bhakta-Svarupini - a personificaçäo de bhakti - viu o bom caráter e beleza da jovem esposa, abraçou-a com grande afeiçäo. Com grande felicidade, permaneceu na casa de Srinivasa Acharya durante alguns dias, após o que novamente retornou a seu vilarejo, Khorodoha Gram. Em Yajigram, Srinivasa Acharya aceitou muitos discípulos. Ele frequentemente discutia os shastras e realizava sankirtan até que sua voz ficava rouca e que näo conseguia mais falar. Em Yajigrama, Srinivasa experimentou grande êxtase ao discutir as escrituras dos Goswamis, ao estudá-las e ensiná-las a outrem. Dessa maneira ele passava seus dias em grande felicidade. Vendo a opulência devocional do Acharya e capacidade expansiva de pregaçäo, todos ficaram maravilhados. Por sua influência muitos ateístas importantes vieram e se renderam a seus pés de lótus.
Srinivasa Acharya, Sri Narotama e Sri Ramchandra Kaviraj possuiam um só coraçäo e mente. Srila Narotama Thakura escreveu doya kore sri acharya, prabhu srinivasa - ramchandra mage narotamo das: "ó Srinivasa, seja misericordioso comigo! Narotama ora pela associaçäo de Ramchandra Kaviraja."
Srinivasa Acharya tinha três filhos e três filhas. Os nomes de suas filhas eram Krishna Priya, Hemalata, e Phulapi Thakurani. Seus filhos chamavam-se Vrindavan Valabha, Radha Krishna, e Sri Gita Govinda. O filho de Sri Gita Govinda chamava-se Krishna Prasada. Seu filho chamava-se Jagadananda. Jagadananda Thakura possuía duas esposas. O filho de sua primeira esposa era Yadavendra e com a segunda esposa teve Radha Mohana, Bhuvana Mohana, Gaur Mohan, Shyam Mohan e Madan Mohan. Os descendentes de Bhuvana Mohan atualmente vivem em Murshidavad em Manikyahar Gram.